Terminadas as obras de requalificação da Igreja do Convento de Santa Beatriz, D. António Luciano presidiu, no final da tarde de ontem, à Eucaristia da celebração da Solenidade de Santa Beatriz da Silva, fundadora da Ordem da Imaculada Conceição, em 1489.
O nosso Bispo iniciou a celebração com o rito de aspersão do novo espaço e da assembleia cristã, constituída por familiares, amigos e benfeitores das monjas que integram a comunidade do Convento do Viso, comunidade que veio para a nossa diocese em Maio de 1970 e inicia assim o jubileu dos cinquenta anos de presença na diocese de Viseu.
“Para recordarmos o nosso batismo e implorarmos as bênçãos de Deus para este lugar sagrado, para este oásis de silêncio, oração, contemplação e trabalho no coração da nossa Diocese”, assim explicou D. António, na sua homilia, o significado do rito litúrgico inicial. “Aqui Santa Beatriz continua a inspirar as nossas monjas a viver a sua vocação na fidelidade a Deus, à semelhança de Maria Imaculada sua Mãe e protetora”, recordou.
“Beatriz feliz por amor a Deus e ao próximo, tornou-se bela, simples e humilde, como as rosas perfumadas espalhando pelo mundo o bom odor de Cristo. Foi no meio das coisas grandes deste mundo que Ela se fez pequenina e nos deu um grande exemplo de humildade, testemunho de fé, de mansidão, de abnegação, de amor ao sofrimento, de coerência nas provações, de virtude provada e de florescimento de santidade com uma grande confiança na proteção de Maria, a Virgem Imaculada. A sua experiência de vida espiritual profunda, levou-a a deixar-se conduzir pelo Espírito Santo e receber o Carisma de Fundadora de uma Congregação de Vida Contemplativa dedicada a Nossa Senhora, que ainda hoje continua a ser proposta como modelo de vida cristã e de santificação a tantas jovens sedentas de felicidade e de realização pessoal”, lembrou D. António.
Esta proposta de vida de consagração só pode surgir de uma experiência desafiante da vocação, que Santa Beatriz viveu como dom de altíssima contemplação e de serviço a Deus e à Igreja”, continuou, concluindo que “o viver a fé é sempre um desafio e um risco para os cristãos, mas de modo especial para os jovens”, lembrando a aproximação da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, em 2022, com o tema “Levanta-te e põe-te a caminho” (Lc 1).
“Assim como Santa Beatriz ultrapassou as dificuldades e provações, que a vida lhe oferecia, também hoje ela continuará a ser para todos os jovens modelo de companheira, que os ajuda também a assumir na vida um ideal, animado por um espírito de sacrifício, de oração, de entrega, de confiança, de contemplação, de desprendimento, de pobreza, de obediência, de castidade e de oblação efetiva e integral, por causa do Reino de Deus. Os que acreditarem e seguirem este caminho de santidade não ficarão, como ela, desiludidos”, afirmou D. António, lembrando que “o desafio da santidade foi para Santa Beatriz uma questão de vida ou de morte” e que “a santidade não está no elevar-se, mas sim no humilhar-se”.
“Também nós hoje, aqui, ao celebramos com alegria a festa e a felicidade de Santa Beatriz da Silva no Céu, queremos pedir para as suas seguidoras na Congregação das Irmãs Concepcionistas da Imaculada Conceição, que ela tão diligentemente fundou, o avivar o seu carisma de contemplação, de oração, de silêncio e de trabalho simples e humilde no recato quotidiano da vida do próprio do mosteiro”, lembrou D. António aos presentes.
“As suas propostas de vida consagrada para os nossos dias interpelam-nos a todos”, prosseguiu D. António, recordando que “Deus chama cada um de nós a uma vocação específica que deve ser vivida em castidade , pobreza e obediência”, citando o Catecismo da Igreja Católica, que afirma que a “castidade significa a integração conseguida da sexualidade na pessoa, e daí a unidade interior do homem no seu ser corporal e espiritual (…) que não tolera nem a duplicidade da vida, nem a da linguagem. A sua vida é verdade e transparência”. Porque “todos os féis de Cristo são chamados a levar uma vida casta, segundo o seu estado de vida particular (Cf CIC 2348): uns na virgindade ou celibato consagrado, outros do modo que a lei moral para todos determina e conforme são casados ou solteiros”, lembrou.
Explicitando também o valor do voto de pobreza, D. António recordou que “o desapego dos bens terrenos levou Santa Beatriz a dar um salto de total radicalidade na sua vida interior. O luxo e as festas da corte não a seduziam, nem a perturbavam interiormente”. “Viveu a pobreza, amou a pobreza e ensinou o valor evangélico da pobreza”, recordou.
Em Ano Missionário, “Todos, Tudo e Sempre em Missão”, D. António Luciano lembrou que “a origem e o fim da missão está profundamente unido ao dom da obediência, recordando que “as monjas, mesmo sem saírem da Clausura, podem e devem ser grandes missionárias”, a exemplo de Santa Teresinha do Menino Jesus, Padroeira das Missões. Pediu às Irmãs que sejam “missionárias a partir deste convento de Santa Beatriz e levai pela oração e contemplação a todas as comunidades da Diocese de Viseu o fogo do Espírito Santo e o zelo missionário”, “porque o amor de Cristo nos impele a vivermos a obediência como dom de santificação e de serviço”.
D. António Luciano concluiu a sua homilia com uma oração de súplica a Santa Beatriz:
“Ó Santa Beatriz, protege-nos com a beleza que gozas junto de Deus na glória do Céu, implora da Santíssima Trindade uma bênção para este Convento a Vós dedicado e, no início da Celebração dos Cinquenta Anos de presença das Irmãs na Diocese de Viseu, que culminará no grande Jubileu de 31 de Maio de 2020, peço-vos que, com a presença das Irmãs Concepcionistas da Imaculada Conceição na nossa Diocese de Viseu, este lugar sagrado seja de bênção e um dom de graça para todos nós. Abençoa Senhor estas Irmãs, este Convento, esta Comunidade com todos os seus membros, todos os seus familiares, amigos e benfeitores e ensina-nos a implorar de Maria Imaculada uma verdadeira proteção maternal, que se torne visível na graça de muitas vocações, de muitos jovens disponíveis para servirem a Deus e muitas famílias que sejam cada vez mais santuários de vida e de amor.
Que a Virgem Imaculada nos inspire com a sua graça e Santa Beatriz nos estimule a sermos mais felizes e as novas Beatas da Congregação, beatificadas em Junho passado em Madrid, nos estimulem sempre na prática do bem e da virtude heroica, na vivência dos conselhos evangélicos e num autêntico e verdadeiro caminho da santidade”.
A celebração litúrgica terminou com a veneração da relíquia de Santa Beatriz, seguindo-se o jantar-convívio.
G.I.