“Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei” (Mt 11,28)
O Papa Francisco propôs-nos uma frase do Evangelho muito rica de conteúdo para a Mensagem do Dia Mundial do Doente, 11 de fevereiro de 2020.
Vinde a Mim, todos vós que andais cansados e oprimidos, os que viveis mergulhados no mistério do sofrimento e da dor e eu vos aliviarei.
O nosso Deus não se cansa de nos amar e na relação de proximidade, que Ele tem por cada um de nós, manifesta a sua compaixão e a sua misericórdia. Está sempre a chamar-nos “Vinde a Mim”, isto é, a fazer parte da nossa família, a identificar-se connosco, a comungar os nossos sofrimentos e os da humanidade. O Papa Francisco referindo-se à experiência daqueles que sofrem afirma: “Nos momentos de tristeza, na tribulação da doença, na angústia da perseguição e na desolação do luto, cada um de nós procura uma palavra de consolação. Temos intensa necessidade de alguém que esteja ao nosso lado e sinta compaixão de nós. Experimentamos o que significa estar desorientados, confusos, feridos profundamente como nunca tínhamos pensado acontecer-nos. Incertos, olhamos em redor para ver se encontramos alguém que possa realmente compreender a nossa dor” (Meditação, 5 de Maio de 2016).
Francisco convida-nos a partilhar um serviço gratuito para ajudarmos os que sofrem a partilharem connosco a sua própria experiência de dor e sofrimento. “O substantivo ‘pessoa’ vem sempre antes do adjetivo ‘doente’. Portanto, a sua ação visa constantemente a dignidade e a vida da pessoa, sem ceder a atos de natureza eutanásica, suicídio assistido ou supressão da vida, mesmo quando o estado da doença é irreversível. A vida, continua o Papa Francisco, “é sagrada e pertence a Deus, por isso é inviolável e indisponível”. A vida humana, “deve ser aceite, protegida, respeitada e servida desde o nascimento até à morte: a razão e a fé em Deus, autor da vida, exigem isso ao mesmo tempo.”
Todos os que andais cansados e oprimidos sereis ajudados, diz o Senhor.
Todos somos chamados pelo amor misericordioso do Senhor, principalmente os cansados, os desanimados, os desiludidos, os oprimidos, os refugiados, os doentes, os que choram. “As mais amargas são as lágrimas causadas pela maldade humana: as lágrimas de quem viu arrancar-lhe violentamente uma pessoa querida; lágrimas de avós, de mães e pais, de crianças…”.
A missão dos profissionais de saúde é importante na prestação dos cuidados aos doentes, mas também no alívio das dores e sofrimentos e na consolação dos que sofrem, ou sentem a perda dos seus entes queridos.
Nestas circunstâncias a relação entre o cuidador e o doente é importante e deve ser portadora de empatia, com humanismo, profissionalismo, mas também de espírito de fé. Os cuidados de saúde prestados por profissionais católicos sejam médicos, enfermeiros, assistentes operacionais, outros técnicos de saúde, o serviço de voluntariado, devem oferecer aos doentes as melhores práticas para cuidar e servir com alegria a pessoa humana.
Os médicos, os enfermeiros e os operacionais de saúde, quando não podem curar, podem sempre cuidar o ser humano com gestos, atitudes, procedimentos, que devem proporcionar sempre o alívio do sofrimento dos doentes.
“Eu vos aliviarei”, diz Jesus. Com Maria, Saúde dos Enfermos, devemos ao longo desta semana fazer algo de diferente junto dos nossos doentes e nas nossas comunidades para sensibilizar quanto importante é a Pastoral da Saúde e o acompanhamento dos doentes, cuidadores, assistentes espirituais, voluntários e outros como os profissionais de saúde.
Queridos irmãos e irmãs doentes. A enfermidade que suportais coloca-vos de modo particular entre os mais “cansados e oprimidos” que atraem o olhar de Jesus, que vos convida a estar sempre com Ele. É dele que nos vem a luz para os momentos da escuridão da doença e do sofrimento, mas também a esperança para os momentos de desalento e de dificuldade.
Que o cuidado humanizante e com profissionalismo junto dos doentes seja um sinal de ternura do amor de Jesus, que pelo mistério do seu sofrimento, da sua morte na cruz e da sua ressurreição nos trouxe “a vida nova em abundância”.
† António Luciano,
Bispo de Viseu