OBSERVATÓRIO PASTORAL
A Pastoral Social inscreve-se no Evangelho e a pessoa de Jesus é a nossa referência obrigatória, para a atenção ao outro. Entendemos por Pastoral Social, no singular, a solicitude de toda a Igreja para com as questões sociais. Trata-se de uma sensibilidade que deve estar presente em cada diocese, paróquia e comunidade.
Este âmbito pastoral corresponde à dimensão social do anúncio do Evangelho traduzida no pensamento social cristão, às preocupações e às intenções da Igreja relativas à transformação da realidade, para que possamos viver num mundo mais justo e mais fraterno.
Enquanto cristãos, nos tempos que correm, não podemos cruzar os braços e ficar à espera que os governantes promovam a solidariedade e o bem comum. É nosso dever promover e oferecer uma solidariedade que supere os espaços políticos e as instituições civis, e que garanta um futuro estável e longínquo. Estou convencido de que a solidariedade, para ser autêntica e consistente, tem que se construir de baixo para cima, a partir de espaços não-políticos, potenciando os valores do voluntariado, da generosidade, da disponibilidade e da participação, como alicerce de uma solidariedade não burocrática, mais desinteressada e amiga…, fazer dela um critério de vida.
Face ao tempo e circunstâncias em que nos encontramos, marcado por medos, dor e incertezas, e face à amplitude das questões sociais e humanas, existentes e provocadas pelo covid19, a Igreja sente e tem consciência de promover uma reflexão à luz do compromisso ético cristão do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja. É chamada a exercer a sua solidariedade/caridade, enfrentando novos desafios, nas famílias, nos Centros Sociais Paroquiais e Empresas.
A Igreja é o Povo de Deus que tem como referência Cristo. Luta pela dignidade de cada pessoa e tem como projeto fazê-la feliz. Daí a necessidade das suas instituições estarem “encharcadas” de misericórdia e de ter esta como fonte de serenidade, alegria e paz.
O olhar de Deus cruza-se com o nosso, e isso deve levar-nos a uma profunda reflexão sobre a vida e a dinâmica das nossas instituições. É este, sem dúvida, o caminho que nos aponta o Papa Francisco, assentando o paradigma cristão não tão centrado na participação sacramental, mas no amor, que se concretiza em cada um de nós e na vida destas instituições, cumprindo assim o mandamento novo que Jesus nos confiou. Desta forma, uma das regras de ouro da ação social é: “Faz aos outros, tudo o que gostarias que os outros te fizessem ti”.
Não tenhamos medo ou vergonha de usar a palavra e expressão “misericórdia”. Se, politicamente, a misericórdia está sob suspeita e, socialmente, olhamos para as estatísticas para atuar, a verdade é que a misericórdia concretiza o verdadeiro paradigma que é o amor, expresso na justificação, no perdão, na reconciliação, na unidade, ambiente onde nos sentimos bem. Segundo S. Tiago: “A fé sem obras é morta”, ou seja, a fé exige ação/obras, exige Ação Social.
O dom da caridade verdadeira é um desafio enorme. O amor tem que marcar o nosso trabalho constantemente.