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Cuidar é salvar a vida numa relação de confiança

 

O Dia Mundial do Doente celebra-se no dia 11 de fevereiro, memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes.

Bernardette Soubirous era uma menina pobre, doente, analfabeta, marginalizada, mas muito virtuosa, tocada pelo dom da fé e com um grande amor a Deus e a Nossa Senhora. Ninguém imaginaria que uma criança filha de uma família pobre, doente, indigente, ignorada, excluída e marginalizada na sua terra fosse portadora de uma mensagem tão rica em benefício dos pobres e dos doentes. Um dia, acompanhada de umas companheiras vai à gruta ao lado do rio Gave para juntar lenha para levar para casa e se aquecer com a família. Na gruta é surpreendida pela presença da Senhora que ela descreve toda cheia de beleza e de graça, que lhe sorri no silêncio e a move interiormente a tirar o terço do bolso e começar a rezar. Era a primeira de tantas outras aparições em que a Senhora a visita e dialoga com ela e a 25 de março diz-lhe: “Eu sou a Imaculada Conceição”.

São João Paulo II transferiu o Dia Mundial do Doente da Quaresma para este dia, porque a Senhora que ali se revelou mostrou uma predileção especial pelos doentes, pelos pobres e pelos pecadores. O Papa percebeu a importância deste santuário para a vida dos doentes e a sua relação com a medicina e os cuidadores da dor e do sofrimento. O Santuário de Lourdes nasce sob a égide dos doentes e dos cuidadores dos doentes, tornando-se o lugar mariano do mundo, com maior estatística de doentes curados por intercessão de “Maria, Saúde dos Enfermos e de Santa Bernardette”, autenticados pela ciência médica como casos extraordinários de cura de doentes, reconhecidos pela autêntica autoridade da Igreja.

A Mensagem do Papa Francisco para o XXIX Dia Mundial do Doente tem como tema: “Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos” (Mt 23,8), para nos convidar a partir das palavras de Jesus a fazer do nosso agir uma “relação de confiança na base de cuidado dos doentes”, que nos estão confiados, quer aos profissionais de saúde, a outros, às famílias e à Igreja.

Ao olharmos para os cenários em que vivem os idosos em lares e outras instituições de apoio social, em casa com a família, perguntamo-nos quantas pessoas, vulneráveis e doentes, ficaram fora deste cuidado no período da pandemia? Qual é o valor da pessoa humana? Quem é a pessoa humana? Como está a ser cuidada a pessoa humana? Quais são as vulnerabilidades da pessoa humana?

A vivência do Dia Mundial do Doente deixa-nos perguntas sobre o que estamos a fazer no presente através da pastoral do acolhimento, do cuidado, do serviço em proximidade e da organização da pastoral da saúde, e social nas nossas paróquias e na nossa Diocese. Desde já somos chamados a regenerar a pessoa humana e a sociedade que emerge de uma crise sanitária, humana, social e económica nunca antes vista. Diante deste cenário o Papa Francisco pede à Igreja, que apareça como resposta, “em saída”, tornando-se o verdadeiro ícone do serviço à imagem do “Bom Samaritano”.

Que não nos falte a força, a coragem, a empatia, a resiliência. Somos desafiados a cuidar dos doentes com humanismo, com qualidade de vida, com rigor científico médico, com boas práticas e cuidados de enfermagem diferenciados no respeito pela antropologia, filosofia e ética. Condenamos todas as formas que atentam contra a vida humana, desrespeitam a sua dignidade de pessoa, de modo particular atentam na destruição da sua existência, seja de que modo for, quer pela legalização da eutanásia ou do suicídio assistido.

Repudiamos todas as formas de atentado contra a vida humana. Queremos dar sentido à vida, esperança à doença, luz ao sofrimento.

Cuidar bem é salvar a vida integral. Se houver mais amor no coração da pessoa humana, o mundo será outro: mais belo, mais fraterno, mais justo e mais solidário.

 

† António Luciano,
Bispo de Viseu
CategoryBispo, Diocese

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