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Observatório Pastoral

 

Observando ao nosso redor, parando e refletindo, deparamos que vivemos “num mundo” (con)turbado e agitado por uma pandemia que tem nome (COVID19) e que não tem um rosto visível (tem apenas o rosto anónimo do ser humano sofredor).

Olhando o sofrimento sofrido, espelhado em tantos rostos, somos levados a meditar no sentido da dor no desconforto do sofrimento, da doença, da solidão.

A dor…, a doença…, a solidão… são sinais visíveis do invisível sofrimento humano que manifesta inúmeras vezes a fragilidade, a vulnerabilidade e a impotência da pessoa, e, até mesmo na presença da ausência, na (in)quietude e na (des)confiança do coração.

Perante esta realidade qual deverá ser a minha/nossa atitude perante o sofrimento holístico da pessoa?

Em primeiro lugar, deve ser estimulada a atitude da ternura e da compaixão humana e divina, expressa no sentir e nos sentimentos. Perante a dor e o sofrimento, a primeira questão que colocamos é: “Porquê a mim? Que mal fiz eu (a Deus)? Perguntas como estas levam-nos ao desconforto total, caindo na tentação de questionar tudo e todos, até mesmo o próprio Deus. A terapia da compaixão desafia-nos a viver numa atitude de relação, onde o amor é a chave mestra. Amor e dor são duas realidades gémeas, ainda que antagónicas: quem ama sofre… quem sofre, sofre porque ama.

Como poderemos amar perante a dor?

Urge emergir na esperança de encontrar amor no sofrimento numa atitude e numa busca constante de e na esperança de: alívio, cura, fé. Na espiritualidade procuramos inúmeras vezes a raiz que nos fortalece para encontrar a ternura e a compaixão de Deus que sofre com o sofredor, buscando na oração a âncora calmante e apaziguadora do coração. Sentir a própria dor ou a dor outro é (re)vestir o coração de sentido e sentimentos.

Não menos importante no (re)conforto do desconforto é a presença e a escuta ativa. A escuta ativa é a permissão de “dar ouvidos” à dor alheia, sem fazer juízos de valor, dando origem à relação empática manifesta em momentos de partilha e de silêncio, fazendo sentir ao outro uma “presença presente” e nunca uma “presença distante”. A presença amiga converte-se na brisa refrescante no calor e no turbilhão das emoções e das perguntas sem resposta dos sentimentos magoados e feridos. A palavra amiga é o bálsamo que (re)conforta. A “palavra silenciosa” é o sinal do escutar, do deixar respirar do silêncio que não é solitário, mas do silêncio que abafa a palavra, proporcionando instantes de encontro na intimidade do coração.

Neste contexto, destaca-se o papel dos cuidadores (na família, nos hospitais, nos lares). Eles são os suportes vivos, visíveis e eficazes da e na dor para proporcionar o conforto e a dignidade daquele que sofre a dor, a doença, a solidão…

Encarnado esta realidade, urge cultivar a terapia do cuidar, do cuidado e dos afetos, englobando e valorizando a presença no ato e na ação da cura, ajudando assim a minimizar o desconforto da dor e da solidão…

 

Pe. João Pedro Ferreira Cardoso
Capelão Hospitalar
CategoryDiocese, Pastoral

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