Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Jesus está vivo na Eucaristia

 

Caríssimos cristãos, somos convidados a celebrar a Solenidade do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, presente na Santíssima Eucaristia.

Estamos diante do mistério de Deus e da sua aliança, como ouvimos na interação entre a primeira leitura, a segunda e o Evangelho. Na primeira leitura Moisés falava ao povo sobre as palavras de Deus, apresentava-lhe a lei e pedia ao povo para seguir o Senhor e fazer a sua vontade. O povo respondeu mostrando-se disponível para fazer aquilo que o Senhor lhe mandava. Deus fez uma aliança com o seu povo, que é retomada no texto da segunda leitura com Aquele que se oferece a Deus e se torna a verdadeira e nova aliança, o Cordeiro Imolado, Jesus Cristo, o Salvador do mundo, o Pão vivo descido dos céus. São Marcos no Evangelho narra-nos o modo como Ele convidou os discípulos para preparar a sala, o cenáculo, lugar onde havia de celebrar a última ceia pascal. Jesus surpreende os discípulos tomando o pão e o cálix com vinho, oferece-o em ação de graças dizendo: “Isto é o meu Corpo, tomai e comei, isto é o meu Sangue tomai e bebei”. A Igreja no mistério eucarístico perpétua a memória do Senhor Jesus até que Ele venha.

O Sacramento da Eucaristia é o amor de Deus derramado por nós no Calvário na Pessoa de Seu Filho Jesus Cristo, que desceu do Céu como Pão vivo, para nos dar a sua própria carne em alimento: “Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue têm a vida eterna e eu ressuscitá-lo-ei no último dia”.

A Solenidade de Corpo de Deus, que hoje celebramos, faz memória de Quinta-Feira-Santa, o dia da instituição da Eucaristia e do Sacerdócio ministerial por Nosso Senhor Jesus Cristo. O acontecimento realizado na véspera da sua paixão e condenação à morte, projeta-nos no mistério pascal, fonte de vida nova e de esperança.

Jesus convidou os seus discípulos como ouvíamos no Evangelho para tomarem a refeição pascal juntos e assim fazer memória da páscoa judaica. Reunido com os discípulos celebrou a última Ceia, da sua vida mortal, durante a qual institui a Eucaristia, como Sacramento de amor e de comunhão, celebrado com fé e por isso inicia o Tríduo Pascal. O Sacramento da Eucaristia é memorial da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus Cristo, até que Ele venha na sua glória. Esta festa é muito antiga e celebrou-se pela primeira vez em Liège na Bélgica, dando-lhe o nome de festa de Corpo de Deus, para exultação popular à Santíssima Eucaristia, manifestada no 60 º dia após a celebração da Páscoa. Evoca a última ceia do Senhor Jesus e a sua ligação com Quinta-Feira Santa. Há mais de sete séculos celebra-se esta festa, que foi alargada à Igreja latina pelo Papa Urbano IV em 1264, dotando-a de Ofício e Missa com textos próprios. Esta festa chegou a Portugal provavelmente nos finais do século XIII vinda da Bélgica.

Devemos todos celebrar esta festa com verdadeiro espírito de fé e de amor na pessoa de Jesus Cristo com profundidade espiritual e eclesial. É uma festa da Igreja e para a Igreja, para o povo de Deus chamado a ser comunhão na Eucaristia bem celebrada, bem vivida e bem comungada. A Eucaristia para dar frutos novos de amor deve ser preparada com o sacramento da Reconciliação e com tudo aquilo que contribui para que a Eucaristia seja a maior festa e banquete dos cristãos.

Todos reunidos à volta do mesmo altar, porque a Igreja faz a Eucaristia e a Eucaristia faz a Igreja. Na união entre as duas mesas que o Senhor preparou para nós: a da Palavra e a da Eucaristia, descobrimos que a Eucaristia é reunião, convite, festa, oração, comunhão, louvor, ação de graças e testemunho de vida.

A Igreja consciente da grandeza deste mistério e do seu significado profundo, introduziu no calendário litúrgico esta solenidade do Corpo de Deus. A Igreja fez isto para afirmar a sua fé e o seu amor para com Cristo presente no Santíssimo Sacramento do Altar.

Por isso, nós estamos aqui a celebrar a Eucaristia, a cantar, a rezar, a proclamar os louvores de Deus na Pessoa de Jesus Cristo, o Ressuscitado, presente na hóstia e no vinho consagrados. Contemplando a mesa do altar, que temos diante de nós enquanto Igreja, somos convidados a refletir, a meditar, a interiorizar o amor oculto de Deus, o Cordeiro imolado, que na riqueza da presença real de Cristo na Eucaristia, nos convida a dar graças pelo dom de Cristo. Por isso, São Paulo ensina que Jesus se entregou por nós dizendo: “Isto é o meu Corpo entregue por vós. Isto é o meu Sangue derramado para salvação de todos”. Estas palavras ajudam-nos a entender o que diz o apóstolo: “Já não sou eu que vivo é Cristo que vive em mim”.  Cristo vive na sua Igreja, está na Eucaristia e quer viver em cada um de nós.

A celebração desta Solenidade do Corpo de Deus, leva-nos a contemplar a presença de Jesus vivo na Eucaristia, no Santíssimo Sacramento do Altar, o nosso tesouro divino, manancial de graça, penhor de salvação eterna, que devemos adorar, comungar e também partilhar. Na celebração da Eucaristia Jesus torna-se presente na Hóstia Consagrada, o Pão Vivo descido dos Céus, nas espécies eucarísticas para saciar a nossa fome e matar a nossa sede. Na última Ceia entregou-se por nós, Ele é o mesmo que está presente na Eucaristia, o Pão vivo descido dos Céus, que em cada celebração pela ação do Espírito Santo se transforma no Corpo de Jesus tão vivo e real como está no céu.

Como nos recorda uma antífona da liturgia, rezamos a Jesus que está vivo e presente na Eucaristia dizendo: “Ó Sagrado Banquete em que se recebe Cristo e se comemora a Sua Paixão, em que a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da futura glória”. Também nós hoje queremos proclamar a glória de Jesus Cristo na Santíssima Eucaristia, o Pão vivo descido dos céus, como diz o Papa Francisco “a verdadeira luz que ilumina os caminhos dos homens” na sua peregrinação sobre a terra. Na Santíssima Eucaristia louvamos e bendizemos a Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, o Deus que se faz alimento, para nos dar a vida em abundância.

Se a primeira leitura nos indicava algumas das características da Antiga Aliança: Deus manifesta a sua divina vontade ao povo de Israel, através da mediação de Moisés, o povo compromete-se e faz a sua aliança com Deus. Na segunda leitura nós vimos que Jesus é a nova Aliança, o Filho de Deus que no seio de Maria, assumiu a natureza humana. No altar, no Sacramento da Eucaristia, Jesus nasce na Igreja de novo, para ser nosso alimento e nossa salvação. Convido-vos a partir desta celebração a viver um programa espiritual centrado no mistério de Jesus Eucaristia, principalmente neste mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. Com o nosso olhar centrado em Jesus, que se fez Pão vivo descido do céu, ao assumir a natureza humana no seio de Maria, não cessamos de rezar, de louvar e cantar: “Felizes as entranhas da Virgem Maria, que trouxeram em seu ventre o Filho do Eterno Pai”, Cristo Salvador do mundo, Jesus Eucaristia.

Ao celebrarmos a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, convido a Igreja diocesana de Viseu com todos os seus fiéis, pastores e leigos a fazer a partir de hoje este caminho espiritual de escuta, de oração, de adoração e de louvor a Jesus Eucaristia, pedindo o dom de novas vocações para a Igreja.

No dia 13 de junho de 2021 terminará esta jornada com a Ordenação na Sé de três novos Diáconos Permanentes. Eles querem consagrar a sua vida a Deus de uma forma incondicional para o serviço da Igreja diocesana. Rezemos por eles para que descubram a beleza da vocação ao matrimónio, a sua entrega no diaconado permanente, unidos a Cristo sejam fiéis à sua vocação batismal. Rezemos também pelo aumento das vocações sacerdotais, diaconais, à vida consagrada, ao laicado comprometido vivendo a fé como jovens em caminho de esperança, no compromisso e realização pastoral com as JMJ em Lisboa no ano de 2023.

Para assinalar este dia solene na vida da Igreja celebramos a Eucaristia, mas devido aos condicionamentos da pandemia Covid-19, e cumprindo as orientações da DGS, não se realiza a tradicional procissão Eucarística pelas ruas da cidade, levando a presença de Jesus Cristo Ressuscitado, no Santíssimo Sacramento da Eucaristia a todos os fiéis.

Para manifestar a nossa gratidão a Deus por tão grande mistério da nossa fé, nesta tarde do Dia de Corpo de Deus teremos um tempo de oração pessoal e louvor na Sé a partir das 15,30 horas, onde haverá um forte momento de oração, de louvor e de silêncio seguido do ofício solene de Vésperas. Às 17,00 horas darei a bênção solene do Santíssimo Sacramento, em espírito de verdadeira comunhão e unidade com todas as pessoas, que vivem na nossa cidade e na Diocese. Imitaremos os santos devotos da Eucaristia: São Tarcísio, São Teotónio, Santa Clara, Santo António, São Francisco Marto, que nos fala de “Jesus escondido” na Eucaristia, Santa Jacinta Marto, Beata Rita Amada de Jesus, Alexandrina de Balasar, que durante treze anos se alimentou da Eucaristia, recordemos ainda Carlo Acutis que dizia:  “A Eucaristia é a auto estrada que nos conduz ao céu”.

No próximo domingo dia 6 de junho de 2021 celebramos o “Dia da Diocese” com o tema: “BATIZADO, ALIMENTA-TE NA ESPERANÇA”. O programa consta da celebração da Eucaristia às 11,00 horas na Sé, presidida por mim. De tarde o evento inicia às 15,00 horas e pode ser acompanhado via online. Participemos todos neste dia de festa da Diocese e imploremos de Jesus Eucaristia o médico divino, o remédio de que precisamos para curar todas as enfermidades da nossa vida, da Diocese, da Igreja, da humanidade, libertando-nos a todos bem depressa do flagelo de tão grave pandemia.

Os desafios que nos traz o Dia da Igreja Diocesana conduzem-nos a uma jornada de oração, de reparação e adoração implorando a proteção do Anjo de Portugal. Na celebração da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, Jornada Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes no dia 11 de junho, rezamos pela santificação dos sacerdotes. Na celebração do dia 13 de junho, dia de Santo António, serão ordenados na Sé os três novos Diáconos Permanentes, para o serviço da Igreja Diocesana.

Rezemos por eles, pelas suas famílias e comunidades, rezemos pela santificação das famílias, dos sacerdotes, pela vocação ao diaconado, à vida consagrada e laical. Rezemos pelos jovens que se preparam para receber o Sacramento do Crisma, para que despertem para o serviço da Igreja e se empenhem no compromisso e testemunho da fé.

Que Jesus Eucaristia ajude aqueles que caíram no desanimo, na solidão, na indiferença religiosa, os que têm fome de pão e de valores, os que perderam a família e o trabalho, os que estão cansados e doentes, os enfraquecidos na fé, na caridade, na esperança e na alegria de viver. Não deixemos que no mundo haja pessoas a morrer de fome, por falta de pão e de cuidados. Que saibamos construir uma sociedade solidária e de partilha fraterna de modo que a ninguém falte o pão e o trabalho de cada dia. Que em Jesus presente na Eucaristia nos ensine a respeitar os direitos e os deveres próprios de cada cidadão que habita nesta terra.

Ó Jesus, eu vos louvo e vos amo no Santíssimo Sacramento da Eucaristia, pelos méritos da vossa paixão morte e ressurreição, livrai-nos de todos os perigos e males presentes. Pela intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, a Mãe de Jesus, a Mãe da Igreja, a Senhora do Altar Mor, a Mulher Eucarística, sejamos uma Igreja viva que se renova no Espírito Santo.  No cuidando dos pobres, dos famintos e necessitados, saibamos promover sempre o maior bem ecológico da Casa Comum. Que Cristo seja sempre o Pão Vivo, repartido e distribuído em abundância por aqueles que morrem de fome. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque deles é o reino dos céus. Em Deus cada um de nós será saciado de bens, de modo especial os famintos e os pobres, serão saciados com o Pão da Eucaristia. Ámen.

 

Viseu, 3 de junho de 2021
† António Luciano dos Santos Costa, Bispo de Viseu
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