Observatório Pastoral
Quando penso na escola, lembro-me dos alunos e das suas aprendizagens, de toda a comunidade educativa, das famílias e das expectativas. Mas quando centro o meu pensar na educação, vejo uma escola que seja fonte de conhecimento, alegria e sinal de esperança. Um espaço em que os alunos aprendem e, em simultâneo, que sejam felizes a fazê-lo. Uma escola mais humanista, centrada na pessoa, na identidade que cada um constrói e no sentido que dá à sua vida. Uma escola capaz de privilegiar a aquisição de competências científicas, sociais e humanas, que valorize cada vez mais a construção integral da pessoa, cidadã comprometida num mundo exigente.
O sistema educativo português, agora assente numa perspetiva inclusiva, parte do princípio de que nenhum aluno domina completamente todas as disciplinas e competências, respeita a individualidade e as experiências de cada um. Promove uma educação que responda às diferenças, trabalhando para que cada aluno maximize o seu potencial intelectual e humano. A educação inclusiva procura garantir que cada aluno adquire um perfil de competências alargado e combinado de conhecimentos, capacidades e atitudes, não só no âmbito científico, mas também social e humano.
O Papa Francisco tem um olhar inspirador sobre a escola. Para Sua Santidade a escola é um “lugar que abre a mente e o coração à realidade, na sua grande riqueza e dimensões”. Destas palavras depreende-se que a escola se deve abrir ao mundo, às pessoas, às diferentes realidades e às várias dimensões da sociedade. Em todo este processo a função educativa atribuída à família é fundamental e não pode ser substituída, se ela deixar de se verificar, muito dificilmente será suprida, uma vez que a família é a “primeira escola das virtudes sociais de que as sociedades têm necessidade” (Gaudium et Spes).
Para Paulo Freire, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Deixemos de olhar para a escola como um depósito de alunos, um espaço em que se descarregam conteúdos, ou um laboratório de ideologias (muitas vezes perigosas). Desmistifiquemos a ideia de que a escola é um lugar de perfeição, em que o desígnio natural de errar é sinónimo de fracasso.
A escola deve ser um espaço de enriquecimento científico, social e humano, aberto à crítica, à criatividade, ao erro, geradora de expetativas positivas quanto ao futuro, onde a escuta e o acompanhamento de cada aluno devem ser valorizados. Sonhemos uma escola onde cada aluno se sente bem e é feliz.
Uma escola que se pretende inclusiva e não excludente, reserva muitos desafios à educação e a todos os seus intervenientes. Não tenhamos receio em acolher as muitas possibilidades que esses desafios trarão e não fujamos à responsabilidade de participar da educação integral dos nossos alunos, também pelo nosso testemunho. Esta responsabilidade é partilhada pela presença da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica e pela ação da Pastoral Universitária no espaço da escola e da universidade.
Para além de ponto de partida, a escola é fator agregador e gerador da inclusão quando promove condições que permitem o desenvolvimento integral de todos os alunos. Ser feliz na escola é estruturante para uma educação integral e referencial para que surjam cidadãos extraordinários, que não se detêm no erro e são capazes de transformar o mundo, de forma consciente e informada, num lugar mais belo para se viver.