Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Caríssimos sacerdotes! Recebei a minha estima e estímulo pastoral.

O ministério sacerdotal é um dom sacramental, que nos identifica com Jesus Cristo, escondidos na fragilidade da nossa natureza humana, que com a força do bom Pastor nos concedeu um dom, que transportamos em vasos de barro.

No dia da nossa ordenação sacerdotal cada um recebeu de Deus a graça deste dom para distribuir gratuitamente por todos os fiéis. Procuremos a nossa santificação no exercício do ministério presbiteral. Acolhamos a palavra que Deus disse ao seu povo: “dar-vos-ei pastores segundo o meu coração”.

“Toda a missão do Filho e do Espírito Santo, na plenitude do tempo, está contida no facto de o Filho ser o Ungido do Espírito do Pai, a partir da sua Encarnação: Jesus é o Cristo, o Messias” (CIC 727). A Igreja celebra hoje a memória litúrgica de São João Maria Vianney, sacerdote exemplar, humilde e que viveu as virtudes heroicas no exercício do seu ministério.

“O ministério ordenado ou sacerdócio ministerial LG 10) está ao serviço do sacerdócio batismal. Ele garante que, nos sacramentos, é de certeza Cristo que age pelo Espírito Santo em favor da Igreja. A missão de salvação, confiada pelo Pai ao Filho Encarnado, é confiada aos Apóstolos e por eles aos seus sucessores; eles recebem o Espírito de Jesus para agirem em seu nome e na sua pessoa. Assim, o ministro ordenado é o laço sacramental que liga a ação litúrgica àquilo que disseram e fizeram os Apóstolos e, por eles, ao que disse e fez o próprio Cristo, fonte e fundamento dos sacramentos” (CIC 1120).

O Santo Cura de Ars procurou em tudo viver a vontade de Deus, de modo particular na celebração da Eucaristia, na pregação do Evangelho, na oração pessoal e comunitária, na vida de penitência e ascese intensa, na prática do sacramento da reconciliação e orientação espiritual, procurando no acolhimento aos outros, tudo fazer para a glória de Deus e sua santificação. Consciente de que Deus o chamou à vivência da vocação sacerdotal no exercício do ministério de pároco numa pequena aldeia, onde viveu “para que todos tenham vida em abundância”. Apesar de sentir as fragilidades da natureza humana, expressas nas diversas tentações que sentiu, no isolamento e na solidão que viveu, de tudo fez uma vida para Deus na humildade, simplicidade, privado de bens materiais, viveu com alegria a pobreza evangélica, a pureza de vida e de costumes, na confiança da fé e no testemunho da caridade cristã, assim como no compromisso do celibato sacerdotal. Experimentou as exigências do cumprimento do dever no ministério sacerdotal e fez da obediência evangélica, o grande dom da presença efetiva de Deus, junto do povo que lhe foi confiado.

Abnegadamente aceitou o mandato, que o seu bispo lhe designou, ensinando todos os que o procuravam, ajudando os ignorantes e os pecadores a entrar no caminho da vida e da santidade. Tornou-se conhecido e apreciado por todos, com uma atenção especial aos pecadores que acolhia no confessionário, sendo para eles um pai e um instrumento fiel da misericórdia de Deus.

Como pároco de Ars numa França descristianizada e secularizada, colocou a pequena comunidade no centro de uma verdadeira reflexão sobre a vida e missão do sacerdote, pároco de uma comunidade pequena paróquia, quase esquecida da sua Diocese. Sacerdote unido ao Coração de Cristo, zeloso, fez da sua paróquia descristianizada um oásis de virtude, comunidade viva e pastoralmente dinâmica. Tornou-se uma referência para a Igreja universal e um modelo de vida para os presbíteros que procuram imitá-lo   no seu múnus de pastor.

A Igreja propõe hoje o seu exemplo de vida e santidade como sacerdote a todos os párocos, a todos os sacerdotes de quem é também o seu padroeiro. Rezemos todos pela santificação dos sacerdotes, pelos seminaristas e aumento das vocações sacerdotais. Convido os sacerdotes a vivermos com testemunho de fé, esperança, caridade, alegria e confiança o nosso ministério sacerdotal e o múnus de pároco.

Partilho convosco para meditação espiritual estas palavras da Sagrada Escritura, centrando a nossa vida em Cristo crucificado, morto e ressuscitado.

“Jesus disse-lhes: Segui-Me, e farei de vós pescadores de homens” (Mt 4,19).

“Não fostes vós que me escolhestes, fui eu que vos escolhi para irdes e dardes muito fruto” (Jo 15, 16). “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós” (Jo 15,10).

“Vós sereis meus amigos se fizerdes o que vos mando” (Jo 15,14). “Eu estarei sempre convosco até ao fim do mundo” (cf Mt 28,20).

“O Senhor, a quem servis, é Cristo” (Col 3,24). “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16,15).

“Sejamos sóbrios, revestidos com a couraça da fé e do amor e com o capacete da esperança e da salvação” (1Tes 5,8). “Portanto, consolai-vos mutuamente e ajudai-vos uns aos outros a crescer” (1Tes 5,11). “Andai sempre alegres, rezai sem cessar. Dai graças em todas as circunstâncias, porque esta é a vontade de Deus a vosso respeito em Jesus Cristo. Não extingais o Espírito, não desprezeis as profecias; examinai tudo e ficai com o que é bom. Conservai-vos longe de toda a espécie de mal” (1Tes 5, 16-22). “Deus vos escolheu para serdes salvos pelo Espírito que santifica e pela fé na verdade” (2Tes 2,13).

Viver com alegria a vocação sacerdotal ao serviço de Cristo, da Igreja e dos irmãos, eis o segredo de uma vida em fidelidade e santidade no ministério para produzir fruto de novas vocações sacerdotais. “A oração não é outra coisa senão a união com Deus” (S. João Maria Vianney) e esta é mais perfeita quando estamos também unidos a Maria.

 

Memória de S. João Maria Vianney – Viseu, 4 de agosto de 2021

† António Luciano dos Santos Costa,
Bispo de Viseu
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