A dimensão evangélica da Igreja, faz-nos um apelo a “caminhar juntos”, como povo de Deus em peregrinação, chamado a entrar na barca de Jesus Cristo, confiada ao sucessor de São Pedro, o Papa Francisco, que nos desafia a viver a vida e a fé em “comunhão, participação e missão”, recordando-nos “que ninguém se salva sozinho, que só é possível salvar-nos juntos” (FT, n. 32).
O Senhor disse aos seus discípulos, “ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho”. Este imperativo evangelizador é um apelo e um convite a “caminhar juntos” e a testemunhar em comunidade a fé, a anunciar a Palavra, como “Boa Nova” ao povo reunido. Na Igreja somos chamados a “caminhar juntos”, a acolher, a escutar, a renovar, a edificar a missão de Jesus, construindo verdadeiras comunidades de “discípulos missionários”.
O desafio do próximo Sínodo dos Bispos, que vai iniciar solenemente no dia 9-10 de outubro de 2021 em Roma e a 17 de outubro, em cada uma das Igrejas particulares é uma bênção e uma hora de graça para a Igreja em caminhada de conversão e renovação pastoral. Uma etapa fundamental da caminhada será a XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em outubro de 2023, sob o lema: “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão”. A nossa Diocese celebrará a abertura oficial no dia 17 de outubro de 2021, fazendo coincidir este marco importante da vida da Igreja com a abertura solene do Ano Pastoral e a apresentação do nosso Programa Pastoral 2021-2022 centrado no tema: “Família, alimenta-te na Eucaristia”. É a continuação do nosso percurso de reflexão sobre a Iniciação Cristã em caminho Sinodal, com uma forte aposta no cuidado pastoral das famílias.
Como família humana e povo de batizados, queremos alimentar-nos na Eucaristia e “caminhar juntos” em todos os momentos da vida principalmente quando somos convocados para celebrar a Eucaristia, comungar o Corpo de Cristo e crescer na “comunhão”, para promover um estilo de vida na “participação” e levar ao mundo em caridade evangélica a exigência da “missão”.
O tema fundamental e nuclear da reflexão sinodal é o desejo de: “Caminhar Juntos”. Reunidos e animados pela vivência da fé, façamos todos unidos esta experiência missionária. Este trabalho exigente deve começar pelas bases e por pequenos grupos: a família, a paróquia, as comunidades, os movimentos eclesiais e pastorais. É uma oportunidade única de renovação e de compromisso pastoral com a Igreja, de modo a ninguém ficar de fora, a sentir-se marginalizado da comunidade, mas a viver o desafio da vocação cristã, conscientes de que o Senhor nos chama a “caminhar juntos” e a viver a alegria das primeiras comunidades cristãs. “Todos eles tinham os mesmos sentimentos e eram assíduos na oração” (At 1,14; At 2, 44 47).
O ensinamento de Jesus tinha sido muito preciso e incisivo: “0nde dois ou três se reunirem em meu nome, eu estarei no meio deles”. É este o caminho de uma Igreja sinodal, que antes de ser enviada ao mundo deve viver a experiência da “comunhão, participação e missão” para que a comunidade sinta alegria de estar unida no mesmo projeto de salvação e de serviço pastoral. A verdadeira realização da missão consiste em viver e “caminhar juntos”, como resposta aos desafios e oportunidades pastorais, que a Igreja tem hoje de enfrentar. É um compromisso de fé e um testemunho de caridade, que nos lembra de que ninguém se salva sozinho.
Celebrar o mês de outubro missionário é despertar para entrar no âmago da essência do cristianismo, da fé esclarecida dos batizados e do verdadeiro mistério da Igreja, que por sua natureza é sempre missionária.
O beber da fonte que é o próprio Deus, o acolhimento do mistério da Santíssima Trindade, o amor revelador e misericordioso do Pai, a dinâmica de relação filial do Filho e a graça operante do Espírito Santo, nos ensinem a “caminhar juntos” neste novo ano pastoral.
A vivência do mês de outubro missionário e do rosário são duas motivações fortes para retomar aos poucos a vida eclesial e comunitária com normalidade na Igreja, quer na catequese ou nas restantes atividades pastorais, pois como nos recorda o Papa Francisco “Não podemos calar o que vimos e ouvimos” (At 4,20).
Este anúncio missionário tão necessário e urgente na sua proclamação não pode descurar em nós o cuidado pelos outros, sabendo empregar as medidas sanitárias necessárias, para evitar o perigo de novos contágios e a disseminação da pandemia. Avancemos juntos na missão de anunciar com alegria o Evangelho.
Lembra o Papa Francisco na Mensagem para o Dia Mundial das Missões: “A história da evangelização tem início com uma busca apaixonada do Senhor, que chama e quer estabelecer com cada pessoa onde quer que esteja, um diálogo de amizade (cf. Jo 15,12-17). Os Apóstolos são os primeiros que referem isso, lembrando inclusive a hora do dia em que O encontraram: “Eram quatro horas da tarde” (Jo1,39). A amizade com o Senhor, vê-Lo curar os doentes, comer com os pecadores, alimentar os famintos, aproximar-se dos excluídos, tocar os impuros, identificar-Se com os necessitados, fazer apelo às bem-aventuranças, ensinar de maneira nova e cheia de autoridade, deixa uma marca indelével, capaz de suscitar admiração e uma alegria expansiva e gratuita que não se pode conter” (nº 2).
Na disponibilidade interior do coração, abramos o nosso olhar ao horizonte da missão universal da Igreja, para que em caminho Sinodal e na concretização do nosso Programa Pastoral, ajudados com a oração do rosário e a proteção de Nossa Senhora, Rainha das Missões sejamos construtores de uma sociedade renovada, de famílias mais unidas, de paróquias e comunidades mais missionários.
Nunca esqueçamos a grandeza da nossa vocação cristã e missionária, que nos chama a ser discípulos de Jesus, enviados ao mundo sedento de Deus.