Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Observatório Pastoral

 

Corria o inverno do ano de 2001, quando o então Papa João Paulo II relembrava aos Bispos da Oceânia que toda a renovação da Igreja tinha de ter como alvo a missão, sob pena de não se tornar vítima de uma espécie de introversão eclesial. O mesmo deixou-lhes o apelo: “agora Cristo chama a Igreja a abraçar a sua missão, com nova energia e criatividade”.

Seguindo as mesmas coordenadas o Papa Francisco veio lançar algumas diretrizes para encorajar e orientar a Igreja numa nova etapa evangelizadora revestida de “ardor e dinamismo” (EG 17), marcada pela alegria do Evangelho e que reveja na ação missionária a sua tarefa prioritária. A intensão do Papa aponta para a procura de um estilo eclesial evangelizador, em chave sinodal, que permita anunciar o Evangelho no mundo atual através de uma conversão pastoral e missionária que aprofunde o mistério da Igreja.

Contudo, para que se cumpra este desígnio querido pelo Papa para a Igreja de hoje, é necessário, em primeiro lugar, que cada cristão se deixe “atrair”, consciente de que há uma iniciativa que o antecede e o faz existir; em segundo lugar, se deixe “enviar” em missão na certeza que o Senhor também faz caminho, como refere Mt 28, 20: “sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos”; e por último, refletir sobre esta realidade: “Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo” (EG 273).

Assumindo esta conceptualização pode afirmar-se que quem não vive a cumprir a sua missão, vive em demissão, dividindo-se o mundo em missionários e demissionários. Como sustentava X. Zubiri: “não é que a vida tenha uma missão, mas a vida é uma missão”. No fundo, a missão cristã é transversal a cada pessoa, cada família, cada comunidade paroquial, e traduz-se em continuar a missão de Jesus Cristo morto e Ressuscitado.

Numa catequese sobre a família, o Papa Francisco chama atenção para o vínculo “natural” que existe entre a família e a comunidade cristã (a paróquia), que assenta no facto da Igreja ser uma família espiritual, e a família se constituir como uma pequena Igreja (Igreja doméstica). Para Francisco, a família e a paróquia devem realizar o milagre de uma vida mais comunitária para a sociedade inteira. A simbiose de aprendizagens que daqui resulta deve ter presente, como dado determinante, que a família é o sujeito da pastoral e, por isso, é dom para a edificação da Igreja e da sociedade. É-o a partir de notas características como a complementaridade, a partilha, a corresponsabilidade e a presença, que se constituem por si só os componentes essenciais do viver em família.

Se é verdade que a família não pode viver para si mesma, também a paróquia, a comunidade cristã, não o pode fazer. A Igreja, a paróquia, é família dos que seguem Jesus, daqueles que possuem a mesma génese, o mesmo ADN, a mesma espiritualidade missionária.

Este será o ideal de uma Igreja em estado de missão continua e permanente: uma paróquia-família que evangelize e se deixe evangelizar, disponível para ultrapassar um certo cansaço pastoral onde o entusiasmo, o empenho e sobretudo o sentido de compromisso comunitário se vão desvanecendo e perdendo força.

 

Pe. João Zuzarte
CategoryDiocese, Pastoral

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