Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Observatório Pastoral

 

O Papa Francisco surpreendeu a todos ao propor um Sínodo sobre sinodalidade e participação, mais propriamente com o título: “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Trata-se não apenas do tema da sinodalidade, mas também de uma metodologia sinodal, propondo que as Dioceses façam o mesmo caminho que Roma. No fundo, o Papa quer um Sínodo mais sinodal, uma vez que a própria palavra designa algo como “caminhar juntos”, em sintonia! Vejamos como exemplo o segundo objetivo indicado no “Documento Preparatório”: “Viver um processo eclesial participativo e inclusivo, que ofereça a cada um… a oportunidade de se expressar e de ser ouvido”.

O Sínodo de Viseu, de 2010 a 2015, acabou por ser um pouco precursor, com o título: “Em comunhão para a missão”! O tema aqui proposto, “Sinodalidade e Catequese”, coincide com o tema das Jornadas Nacionais de Catequistas.

 

  1. A sinodalidade na ordem do dia

Como acontece na vida em geral, também na Igreja há o risco de enchermos as nossas comunicações com a palavra “sínodalidade”, de ela se tornar, de certa maneira, uma moda e, pior que isso, de ser uma palavra vazia, sem consequências práticas na conversão pessoal e comunitária.

Pode até dar-se o paradoxo de usarmos a palavra na boca e as nossas atitudes estarem cheias de autoritarismo, que é um dos principais sintomas do chamado clericalismo ou de afirmação pessoal.

Neste sentido, o desafio de darmos espaço aos outros não apenas para participarem, mas para programarem connosco é já um começo de sinodalidade e expressão de corresponsabilidade e comunhão.

O grande desafio será assim passar da sinodalidade como conceito à dimensão prática, passar da teologia à pedagogia e à pastoral. Como já dizia S. João Paulo II, “é preciso promover uma espiritualidade de comunhão, elevando-a ao nível de princípio educativo” (NMI 43). Importa aprender a comunhão como modo de ser e de agir na Igreja.

 

  1. A sinodalidade no grupo de catequistas

O Grupo de Catequistas vive a sinodalidade quando vive a unidade pedida por Jesus: “Que todos sejam um” (Jo 17)!

A partilha da caminhada de fé, a forma de trabalhar em equipa, escutando a cada pessoa com atenção, programar em conjunto sem querer impor o próprio modo de ver… antes colhendo o sentido comum que brota de um diálogo fraterno são formas de sinodalidade, incluindo, bem certo, a preparação da catequese em pequeno grupo.

Como diz o novo Diretório para a Catequese, “No âmbito da comunidade, tem um papel particular o grupo de catequistas: nele se partilha… tanto o caminho de fé como a experiência pastoral” (nº134).

 

  1. A sinodalidade na pedagogia catequética

Porém a sinodalidade toca um conceito hoje emergente na catequese, o de acompanhamento. Afirma o novo Diretório, no n º 135: “A Igreja sente o dever de formar os seus catequistas para a arte do acompanhamento pessoal… Este estilo requer uma disponibilidade humilde, para se deixar tocar pelas questões e interpelar pelas situações da vida, com um olhar cheio de compaixão, mas também respeitador da liberdade dos outros. A novidade à qual o catequista é chamado está na proximidade, no acolhimento incondicional e na gratuidade com que ele se disponibiliza para caminhar ao lado dos outros, para os escutar e lhes explicar as Escrituras (cf Lc 24, 13-35; At 8, 26-39), sem estabelecer o percurso de antemão, sem pretender ver os frutos e sem os reter para si”.

Deste. modo, mais do que olhar o grupo, somos convidados a ver cada criança, adolescente, jovem ou adulto, como um ser único, que tem um percurso original, uma história pessoal e   ritmo próprio, mesmo ao nível da fé. Mais do que estratificar e escalonar, importa respeitar o próprio ritmo! O catequista é um caminhante “ao lado”, um apoio, um amigo, no paradigma de Emaús, alguém que aponta sempre para a frente e para o alto, porque vive na esperança! Na exortação aos Jovens, chamada “Christus vivit”, de 2019, o Papa Francisco sublinha que também os jovens não devem ser “seguidores passivos”, mas importa caminhar “a seu lado” (cf. nº 246), isto é, sinodalmente!

Se, além das belas ideias, o Sínodo nos converter um pouco à vida e à pedagogia de comunhão, então atingiu alguns dos principais objetivos!

 

P. J. Cardoso Almeida
CategoryDiocese, Pastoral

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