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Observatório Pastoral

 

CMTV… CNN Portugal… Crónicas dolorosas do infortúnio e do massacre; desgraças anunciadas, quem estava suficientemente distraído que não viu que ela se anunciava há tanto tempo… “Já nem consigo demorar-me pelos telejornais, diante de tamanhas tristezas!”

Onde estavas, ó Deus, naquele dia? Quando a minha menina foi atropelada, onde estavas? Quando o meu bebé voou para longe da minha casa, desta terra, como uma pomba, para onde estavas a olhar ó Deus? Deus estava lá a morrer no teu filho… porque Deus se revela nas feridas do mundo… ele estava lá naquele dia fatídico da matança dos galileus no templo; mas não com uma arma, e sim como o primeiro a sofrer violência, o primeiro dos trespassados… Ele está lá ao lado das infinitas cruzes do mundo, onde o Filho de Deus ainda é crucificado em infinitos filhos de Deus. E não tem outra resposta ao grito do mundo a não ser o primeiro grito de Aleluia da Páscoa.

Mas, se não vos converterdes ireis morrer da mesma maneira… ou seja, impreparados; ou seja, longe e imunes a esta lógica. Isto não é uma ameaça, não é uma arma apontada à têmpera da humanidade. É um lamento, uma súplica a nos convertermos, a inverter a direção da marcha: na política amoral, na economia que mata, na ecologia que abusa do mundo criado por Deus (e que nem queremos saber o que vamos deixar aos nossos descendentes), nas finanças sem limites, no pôr fé nas armas, no levantar muros. Muda a tua mentalidade, sê honesto mesmo nas pequenas coisas… sê livre, claro e generoso: porque este nosso Titanic dirige-se diretamente para um gigantesco iceberg. Convertam-se, de contrário todos perecerão.

Esta é a oração mais forte da Bíblia, onde não é o homem que se volta para Deus, é Deus que reza, que pede com veemência ao homem, que nos implora: torna-te novamente humano! Muda de direção: cabe-te a ti sair das liturgias de ódio e violência, chorar com as lágrimas daquela criança em Kiev escorrendo pelas faces; gritar com aquele grito que não saiu da boca cheia de água dos que se afogam no Mediterrâneo. Fá-lo como se fossem teus: os filhos, os irmãos e as mães. “Não te perguntes por quem os sinos dobram… eles sempre dobram um pouco por ti também” (J. Donne). Então o Evangelho levar-nos-á para longe dos campos da morte, acompanhar-nos-á para os campos da vida, para uma visão de poderosa confiança. Venho à procura… há três anos e nunca encontrei um único fruto nesta figueira… estou cansado… corta-a! Não, mestre! O sábio e paciente agricultor, que é Jesus, diz: “Não, mestre, não segundo o critério da curta medida do interesse e da eficácia… Vamos tentar de novo… Mais tempo: o tempo é o mensageiro de Deus…

O jardineiro do pomar Deus tem confiança em mim: a árvore da humanidade é saudável, tem boas raízes, só é preciso ser paciente. A paciência não é fraqueza, mas sim a arte de viver o inacabado em nós e nos outros. Ele não segura o machado, mas a humilde enxada.

Para o ajudar a ir para além do raspar a superfície, para além da argila áspera de que és feito, procura mais fundo, na cela secreta do seu coração, e verás, encontrarás fruto. Deus acendeu uma lâmpada; semeou uma mão cheia de luz!

 

Pe. Humberto Martins,
Missionário Dehoniano
CategoryDiocese, Pastoral

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