Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Observatório Pastoral

 

Na Exortação Apostólica A Alegria do Evangelho, de 2013, o Papa Francisco ampliou o conceito eclesial de envio, sublinhando que somos «hoje todos chamados a uma nova “saída” missionária» (AE, 20). A expressão Igreja em saída adquiriu, assim, uma identidade própria e densa de significado, que remonta ao mandato de Jesus: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos» (Mt 28,19).

Envio e evangelização são conceitos de largo espectro eclesial, sublinhados, igualmente, por Francisco na dimensão litúrgica: «A evangelização jubilosa torna-se beleza na liturgia. A Igreja evangeliza e evangeliza-se na beleza da liturgia, que é também celebração da ação evangelizadora e fonte de um renovado impulso» (AE 24). Por sua vez, o aspeto missionário da Liturgia pressupõe, como dinâmicas complementares, um acolhimento fraternal, festivo; inclusão fraterna e harmoniosa na assembleia; uma saída motivada e motivadora.

A insistência de Francisco na ‘Igreja em saída’ incentiva-nos, portanto, a uma cultura eclesial de mais e melhor acolhimento, em toda da sua ação pastoral, especificamente na Liturgia, centro da vida cristã (cf. SC 10). A Igreja ‘sai’, vive, evangeliza, na medida em que, do mesmo modo, acolhe e expressa na celebração a beleza do que anuncia. Este processo ambivalente de saída e regresso, envio e retorno, gera o novo impulso missionário. Igreja em saída permanente; Igreja em acolhimento permanente.

A hospitalidade é, aliás, uma atitude eminentemente cristã, expressa em vários textos bíblicos e recomendações eclesiais: «era estrangeiro e acolhestes-me» (Mt 25,35); «acolhei-vos uns aos outros, na medida em que Cristo vos acolheu» (Rm 15,7); «se entrar um pobre, um homem de baixa condição ou um estrangeiro, velho ou novo, e não houver lugar, o diácono procure um lugar, para que não haja distinção de pessoas» (Constituições Apostólicas, séc. IV). De tal modo é importante o acolhimento, que existiu durante séculos a ordem do ostiário (ostium – porta), que acolhia e acomodava os participantes na assembleia.

Os hábitos motivados por razões sanitárias, nos últimos tempos, devem despertar nos responsáveis pastorais, e para as celebrações litúrgicas em particular, um redobrado cuidado quanto ao modo de receber os participantes nas celebrações, de prática regular ou não: na missa dominical, nos batismos, nos casamentos, nas exéquias, nos serviços paroquiais, para que ninguém se sinta estranho, mas irmão, membro da família. A Instrução Geral do Missal Romano, no cap. III – Ofícios e Ministérios na Missa – refere o acolhimento como um ministério litúrgico, aludindo à função dos que «são encarregados de receber os fiéis à porta da igreja, de os conduzir aos seus lugares» (IGMR 105 d).

Acolher com simpatia e afabilidade fraterna na assembleia requer carisma, não pode reduzir-se a mero ato funcional para dispor as pessoas num determinado espaço, ou ação de marketing proselitista, mas expressão de uma Igreja aberta, que acolhe a todos sem aceção, permitindo melhor conforto visual, acústico, ergonómico, harmonioso para a consciente e proveitosa participação. Acolher na assembleia ajuda à necessária transição do ruído ao silêncio, da rua ao interior sagrado, do quotidiano à celebração, à festa com Jesus no meio.

Uma atenção especial deve ser dada às famílias com bebés, aos idosos, doentes e deficientes – quantas barreiras e acessos inadequados a necessitar de adaptação! – aos estrangeiros, aos veraneantes e aos que acorrem com menos regularidade à assembleia.

Tal tarefa deve ser desempenhada por leigos, preparados para o efeito, como ofício regular; o acolhimento ritualizado, sacramental é próprio do que preside, sobretudo ao domingo, no início da celebração (cf. IGMR 124).

O serviço do acolhimento seja planeado, cuidado, eficiente, de tal forma que quem vem se sinta hóspedes do banquete que congrega, alimenta e anima para uma nova «saída missionária».

 

P.e José Henrique Santos
CategoryDiocese, Pastoral

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