Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

A liturgia da Igreja convida-nos nestes dias a contemplar a vida humana como dom de Deus, na sua peregrinação na terra e na sua dimensão sobrenatural, na glorificação em Deus. A contemplação da vida de todos os Santos, na Jerusalém Celeste, mostra-nos a grande cidade onde nos espera Nosso Senhor Jesus Cristo. A comemoração dos Fiéis Defuntos convida-nos a fazer do sufrágio litúrgico e orante da Igreja, uma oferta agradável a Deus, em memória de todos aqueles que já partiram deste mundo. A vida eterna na comunhão com Deus, alcança-se através de uma vida de fé vivida no amor e na prática das boas obras.

Por isso, a santidade é um caminho que todos somos chamados a percorrer ao longo da vida, de modo especial no envolvimento do mistério de Deus, cujo coroamento se alcança depois da morte natural, na participação da bem-aventurança eterna, na glória dos céus.

Na caminhada da fé cristã os crentes procuram viver em cada dia animados pela esperança escatológica, dom do Espírito Santo, que marca o ritmo da nossa existência e nos leva a proclamar a fé na vida eterna.

Pedro Finkler no livro, “Buscai o Senhor com alegria” afirma: “A estrada para a Casa do Pai é longa, ingreme e cheia de escolhos imprevistos. Para progredir sempre sem desanimar é necessário uma boa dose de paciência. Os apressados correm o perigo de se cansarem logo e de perderem o entusiasmo. Avança-se pela perseverança de pacientes esforços de generosidade todos os dias”.

A santidade é apresentada como um caminho de perfeição, mas mais importante do que questionar este atributo de Deus é começar a caminhar, resultado de uma decisão livre, consciente e responsável. A santidade pede-se como dom, reza-se, experimenta-se como Vida Nova no Espírito e testemunha-se como bem-aventurança futura.

A celebração da Solenidade de Todos os Santos, que ocorre no primeiro dia do mês de novembro é uma oportunidade para todos tomarmos consciência da nossa pertença a Deus uno e trino, que nos chama a sermos santos: “Sede santos, porque Eu o Senhor, vosso Deus, sou Santo”.

Este convite à santidade abre-nos a porta para um caminho de vida nova e de luz, na comunhão com Deus e na relação com o próximo no dia a dia. O chamamento universal à santidade é para todos os fiéis na Igreja, quer sejam

pastores ou leigos. Esta é a vocação comum de todos os batizados, chamados por Deus a uma vida de perfeição, de plenitude de amor para com Deus e com os irmãos.

A celebração de Todos os Santos e dos Fiéis Defuntos são dois momentos que marcam a vida das comunidades cristãs, quer com a celebração da Eucaristia, o sufrágio de gratidão e de memória dos entes queridos, as visitas e romagens aos cemitérios, que acontecem nestes dias. São vivências de solidariedade humana e cristã, de memória e recordação dos defuntos, de oração e gratidão, por quem já não está entre nós, mas também privilegiando momentos de encontro, de diálogo e convívio entre as famílias.

É preciso saber aproveitar estes momentos eclesiais para crescer na fé e promover um verdadeiro caminho sinodal. Todos juntos na comunhão, na participação e na missão agradecemos a Deus o dom da vida, aceitamos com esperança pascal a nossa morte e contemplamos jubilosamente a vida eterna, que nos está prometida na glória dos céus.

No Credo, professamos a fé na vida eterna, dizendo: “Creio na vida Eterna, na Vida do mundo que há de vir”. Quem crê, ama. Quem ama, espera. A esperança está sempre na profundidade do amor. A nossa esperança não se limita só a esta vida, mas ela fundamenta-se na vida do próprio Deus. A esperança é um gozo antecipado dos bens sobrenaturais futuros, que esperamos alcançar pelo dom da fé. Não ter esperança é horrível, porque pode levar ao desespero da própria vida. Um homem desesperado é o mais infeliz de todos os homens.

A esperança nasce da Fé. É a própria vida do cristão. O próprio Jesus afirmou: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra viverá. E quem vive e crê em mim jamais morrerá” (Jo 11,25-26). A morte biológica não toca na vida daquele que acredita, porque aquele que morre com o Senhor, viverá para sempre junto do Senhor ressuscitado.

Por isso, ao rezar, “eu creio na Vida Eterna”, estou a abrir a minha vida e o meu coração a Deus, que me ama e me conduz pelo caminho de santidade às fontes da salvação.

“A vida eterna consiste em que Te conheçam a Ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo que enviaste” (Jo 17,3). A liturgia cristã de sufrágio pelos nossos defuntos é uma celebração do mistério pascal do Senhor. De facto, os cristãos professamos na fé, na esperança e na caridade a última vinda de Jesus, ao dizermos no Credo: “espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir”. A própria liturgia o afirma solenemente: “N`Ele brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição e, se a certeza da morte nos entristece, conforta-nos a promessa da imortalidade. Para os que creem em Vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma e, desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna” (Prefácio I dos Defuntos).

A Solenidade de Todos os Santos e a Comemoração de Fiéis Defuntos convidam-nos a viver o mês de novembro a contemplar a nossa pátria, que está nos céus, onde nos espera Nosso Senhor Jesus Cristo.

Percorrendo caminhos de bem-aventurança, vivendo o ideal de santidade, rezemos em sufrágio de todos os fiéis defuntos, oferecendo pelo seu eterno descanso a Eucaristia, a oração, as visitas ao cemitério, os sacrifícios e boas obras que fizermos.

Que todos caminhemos em santidade, todos os dias da nossa vida, para um dia na glória dos céus contemplarmos com os nossos irmãos defuntos, que já partiram deste mundo, o rosto beatífico de Deus.

 

† António Luciano,
Bispo de Viseu
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