Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Estamos a viver a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos com o nosso olhar fixo no Senhor, que nos diz: “Aprendei a fazer o bem” (Is 1,7), um tema cada vez mais urgente e necessário refletir.

É um assunto eclesial importante no contexto do movimento ecuménico, mas não deixa de ser para os católicos um grande desafio para a sua vida espiritual quotidiana. Estamos num tempo em que se fala muito em comunhão e unidade na Igreja, da sua importância, dos desafios pastorais, da sua necessidade e do seu compromisso. Observando a vida das nossas comunidades cristãs, regozijamo-nos porque muitas coisas foram feitas, muitos passos se deram, mas ainda estamos muito longe do ideal de vida comunitária apresentada nos Atos dos Apóstolos, como uma comunidade modelo: ”Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão e às orações” (At 2, 42).

Os primeiros cristãos eram um exemplo de vida uns para os outros e para os pagãos. Experiência que hoje se vive pouco nas nossas comunidades paroquiais, grupos eclesiais e famílias. Em tempo de experiência de vida sinodal ainda temos de rezar muito para sermos testemunhas da comunhão e da unidade, na corresponsabilidade, na Igreja. Todos os cristãos “viviam unidos e possuíam tudo em comum”. Eram generosos na partilha e não deixavam que ninguém passasse necessidades. Viviam como “se tivessem uma só alma, frequentavam diariamente o templo, partiam o pão em suas casas e tomavam o alimento com alegria e simplicidade do coração. Louvavam a Deus e tinham a simpatia de todo o povo. E o Senhor aumentava, todos os dias, o número dos que tinham entrado no caminho da salvação” (At 2, 46-47).

Esta vida dos primeiros cristãos é um desafio para todos nós, o povo de Deus que quer crescer na fé, na esperança e no amor. É preciso rezar muito pela unidade e pela comunhão dos cristãos, para que todos os fiéis na Igreja, pastores, consagrados e leigos se unam. Peçamos ao Espírito San- to este dom tão necessário para a conversão pessoal e renovação pastoral das paróquias.

Jesus antes de passar deste mundo para o Pai, rezou pedindo o dom da unidade para todos os seus discípulos. A comunhão e a unidade da Igreja não é um gosto pessoal de cada um, mas um dom do Espírito Santo que devemos pedir na oração sem cessar. “Peço-Te ó Pai, que não se perca nenhum daqueles que me destes, mas que sejam um em Ti, como Tu és um comigo” (cf Jo 17,9-12).

Jesus veio para que “todos sejam um” e vivam a comunhão e a unidade entre si e os irmãos, como sinal de fé e testemunhas do Ressuscitado. Ninguém se salva sozinho, todos juntos chegamos mais fortes a porto seguro. Estamos todos na mesma barca da Igreja e somos convidados a construir pontes de relação e confiança e destruir os muros da divisão, da indiferença e da maledicência. Os cristãos devem ser testemunhas de “Bem-Aventurança” na Igreja e no mundo.

Só a graça divina sustenta com vida e perseverança a unidade dos cristãos e gera a comunhão por graça do Espírito Santo no coração dos fiéis. Jesus Cristo, unido ao Pai na comunhão do Espírito Santo, é o amor único e verdadeiro, o mistério trinitário que faz da Igreja um povo chamado a viver e a construir a unidade de fé, assente num só batismo, na escuta da Palavra de Deus, na receção dos Sacramentos e na celebração da Eucaristia, alimento de comunhão e sinal de unidade.

Jesus deu-nos o mandamento novo do amor como prova da sua entrega por nós até ao fim. “Não há maior prova de amor do que dar a vida pelos amigos. Vós sereis meus amigos se fizerdes o que vos mando” (cf Jo 13, 34-35). O amor a Deus e ao próximo é o grande sinal da comunhão evangélica anunciada por Jesus ao mundo. Quando aceitarmos o outro, tal como ele é, nas suas semelhanças e nas diferenças, nas diversidades e nas expressões de unidade, na valorização das suas virtudes e no arrependimento dos seus pecados, estaremos à procura do caminho novo da verdade, para o qual Cristo nos libertou (cf Gl 5,1).

A comunhão e a unidade na vida dos cristãos é uma aprendizagem numa escola de cada dia, que não se esgota em simples gestos de humildade, na oração, mas requer um caminho de conversão contínuo na busca da verdade e da justiça que é o próprio Cristo.

É preciso esvaziarmo-nos interiormente, seguir o caminho da pobreza evangélica, sabendo perder as nossas seguranças e certezas, para na verdadeira obediência da fé nos encontrarmos no coração de Cristo e fazermos com Ele o caminho da alegria, simplicidade e disponibilidade interior, que nos leva a fazer a vontade do Pai.

 

† António Luciano,
Bispo de Viseu
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