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Tratar é uma expressão específica do cuidar dos mais frágeis e doentes. O Papa Francisco convida as pessoas de boa vontade, os médicos, os enfermeiros, os agentes sanitários, os técnicos de saúde, as famílias e os voluntários a tratar bem todos os doentes.

Este tratar bem os doentes tem para os cristãos uma dimensão específica do mandamento novo do amor. Realizada numa atitude de cuidado e serviço é o rosto de uma bem-aventurança e de uma obra de misericórdia. Jesus enfatizou estes gestos dizendo: “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes” (Mt 25, 40).

O Dia Mundial do Doente que vamos celebrar no dia 11 de fevereiro de 2023, festa litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes têm o seguinte tema: “Trata bem dele” (Lc 10,35).

É uma proposta de meditação sobre o modo de tratar e cuidar os doentes à luz do Evangelho do Bom Samaritano. O Papa Francisco dirige esta mensagem a toda a Igreja para nos ajudar a preparar e a celebrar com alegria e entusiasmo o cuidado pastoral dos doentes. Diante de um mundo cheio de tantas vulnerabilidades, podemos perguntar: Quem é o doente?

O doente é uma pessoa humana fragilizada, com uma família, uma história pessoal enfraquecida por uma doença, ou enfermidade, que lhe provoca dor e sofrimento físico, moral e espiritual.

“A doença faz parte da nossa experiência humana mas pode tornar-se desumana, se for vivida no isolamento e no abandono, se não for acompanhada pelo cuidado e pela compaixão” (Mensagem para o Dia Mundial do Doente).

O doente é por natureza um outro, sou eu próprio, é um irmão nosso, um outro eu sofredor, que se cruza connosco, porque “caminhamos juntos” e próximo com amor, ternura, paciência, disponibilidade e compaixão.

O Papa Francisco pede-nos uma atenção especial para olhar para os doentes e para todos aqueles que vivem a experiência do sofrimento e da dor com esperança. No seio da família, em casa, nos hospitais, nos serviços de oncologia, nas casas de saúde e de repouso, nos centros de saúde mental, nos serviços de cuidados continuados e paliativos, nos centros de deficientes, nos lares, IPSS e nas Santas Casas de Misericórdia, lugares de sofrimento.

Onde quer que esteja uma pessoa humana doente, ferida, necessitada de cuidados aí deve estar a nossa presença, e da Igreja para prestar os cuidados humanos, espirituais, médicos, terapêuticos, de enfermagem, higiene e alimentação com qualidade e profissionalismo.

A exortação do Papa tem como base o paradigma da parábola do Bom Samaritano, escolhida como charneira para olhar os doentes, o mundo do sofrimento e da dor como um vasto campo da saúde e pastoral. As instituições para doentes, idosos e vulneráveis precisam de cuidadores com compaixão e espírito de caridade fraterna. É preciso aprender a ver no outro um irmão e na pessoa doente e frágil, a presença do próprio Cristo com rosto desfigurado, crucificado e ressuscitado.

Que a Igreja saiba valorizar o significado da expressão: “hospital de campanha”, de modo a implementar cada vez mais em todas as comunidades um serviço pastoral que promova a saúde e trate dos doentes.

Os governantes e a sociedade têm o dever de promover as melhores políticas e práticas de saúde que abranjam a todos. Só um Serviço Nacional de Saúde universal e gratuito pode responder com solicitude e responsabilidade às necessidades de todos os doentes. “O trata bem dele”, continua a ser cada vez mais atual, para que o cuidar da pessoa humana de modo integral seja para todos os doentes que ainda continuam em filas nos Centros de Saúde, ou em listas de espera nos hospitais, sejam tratados com dignidade.

Que nenhum doente fique sem tratamentos, na solidão e no abandono, esquecido nas listas de espera. Rezemos pelos doentes e os seus cuidadores, familiares e voluntários, médicos e enfermeiros, técnicos operacionais e outros, para que fortalecidos com o óleo da unção e o bálsamo da oração sejam protagonistas do cuidado aos doentes à imagem do Bom Samaritano.

À intercessão de Maria, Saúde dos Enfermos, confio cada um de vós, que estais doentes, os médicos, os enfermeiros os cuidadores, as famílias, os capelães, os assistentes espirituais, os ministros extraordinários da comunhão, os voluntários e todos os agentes da Pastoral da Saúde.

 

† António Luciano,
Bispo de Viseu
CategoryBispo, Diocese

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