Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

A Igreja convida os cristãos e todas as pessoas de boa vontade a viver a Quaresma iluminada por uma fé renovada e por um testemunho do Evangelho centrado na prática das obras de misericórdia.

A vivência do tempo litúrgico da Quaresma, enriquecida com a escuta da Palavra de Deus, a prática da oração mais intensa e a vivência da caridade mais diligente, favorece um autêntico caminho de conversão a Deus e ao próximo. A vida interior do cristão renova-se também pela experiência do jejum evangélico, pela esmola e pela penitência corporal, mas sobretudo pela mudança de vida, pela conversão do coração e pelo arrependimento dos pecados.

A mensagem do Papa Francisco para a Quaresma aponta-nos o verdadeiro caminho que nos conduz à Páscoa da Ressurreição, com o convite para subirmos ao Monte Tabor e aí vivermos e saborearmos a beleza da vida de Jesus na sua Transfiguração.

“O caminho eclesial quaresmal e, de modo semelhante, o sinodal, tem como meta uma transfiguração, pessoal e eclesial. Uma transformação que, em ambos os casos, encontra o seu modelo na de Jesus e realiza-se pela graça do seu mistério pascal” (Mensagem para a Quaresma 2023).

Vivamos este retiro espiritual em profunda purificação interior, mudança de coração e conversão em atitude de reconciliação com Deus, connosco mesmos, com os outros e com a natureza. A oração, o jejum, a penitência e a esmola são os melhores meios para viver a Quaresma com sentido de esperança pascal.

“A Quaresma orienta-se para a Páscoa: o “retiro” não é o fim em si mesmo, mas prepara-nos para viver – com fé, esperança e amor – a paixão e a cruz, a fim de chegarmos à Ressurreição” (Mensagem para a Quaresma 2023).

A Quaresma evoca os quarenta anos do povo de Israel a caminhar pelo deserto até entrar na terra prometida. Recorda os quarenta dias que Jesus passou no deserto em oração e jejum, antes de iniciar a vida pública. São quarenta dias de preparação para a Páscoa favoráveis a escutar abundantemente a Palavra de Deus, a fazer da oração um alimento espiritual e a praticar a caridade com boas obras. Convida os cristãos a viver em espírito de conversão para chegar à Páscoa renovados e celebrar com alegria o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Precisamos de deixar a planície da superficialidade, da mediocridade, da miséria e do pecado, para subirmos com confiança ao monte da Transfiguração e nos deixarmos iluminar pela luz de Deus, que nos convida nesta Quaresma a subir a Jerusalém para aí celebrarmos a Páscoa.

Façamos desta Quaresma um autêntico tempo de conversão interior para pedirmos, carregados de vergonha, perdão a todas as vítimas de abusos sexuais de crianças na Igreja Católica em Portugal. Condenemos tais atos como crimes hediondos, que tanto fazem sofrer as vítimas, as famílias e a Igreja. Rezemos para que mais ninguém seja vítima destes abusos.

Cuidemos de todos através da prevenção mais vigilante e proporcionemos, a todas as vítimas de abuso sexual e de qualquer tipo de violência, o apoio e ajuda de que precisam para se libertarem de tão grande e nefasto sofrimento. Rezemos para que a Igreja seja um lugar de encontro, de diálogo, de conversão, de perdão e de cuidado para todos. Confiemos ao Senhor Ressuscitado a nossa vida e saibamos acolher, na paz de coração, o dom do perdão e da sua misericórdia infinita.

A oração faz parte do processo de cura para os sobreviventes de abusos, suas famílias e comunidades cristãs. Que o Sacramento da Reconciliação, as diversas formas de penitência e os atos de piedade quaresmais, como a celebração da Paixão e a Via-Sacra, nos ajudem a cumprir estes bons propósitos.

Este ano a Renúncia Quaresmal, sinal de penitência e partilha, que habitualmente tem lugar no Domingo de Ramos, destina-se às vítimas do sismo na Turquia e na Síria, lugares de tanto sofrimento. Ajudemos, com a nossa partilha e também com a nossa oração, a aliviar os seus duros sofrimentos.

 

†  António Luciano, Bispo de Viseu
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