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Observatório Pastoral

 

Com a memória fresca da grande aventura que foi a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 e ainda estamos a assimilar as mensagens do Santo Padre e as vivências multiformes de encontro dos jovens com Cristo. Ali, naquele “Tabor”, se mostrou o rosto belo de Jesus e a sua luz, um “laboratório” de Igreja, definida pelo Papa Francisco com palavras simples e com o apelo a uma ética comum. Falo aqui de ética como obediência ao que não é obrigatório, mas é bom, é justo e belo, colocando o coletivo sobre o individual; como valor universal, a ética faz-nos ser bons, belos e verdadeiros.

Escolha esperançosa entre duas lógicas, diante das quais se vê Jesus quando esteve no pretório de Pilatos, afirmando-Se não ser deste mundo. Imagino-O a olhar para os sinais de poder pendurados nas paredes e nos centros de mesa e a falar de uma outra realidade que não depende daqui. Muitos procuraram ou temeram n’Ele o poder, quando Ele só tinha para oferecer o serviço. Definitivamente, todos os que querem livremente inscrever-se no Seu caminho também se veem entre estas duas lógicas, sendo que da escolha decorre o estar com Ele e segui-l’O ou perdê-l’O de vista e agir fora da sua lógica. Por isso é que as vivências na JMJ se resumem a uma só parte da experiência cristã dos jovens, uma vez que é preciso levantar-se cada um com as próprias pernas da fé e da liberdade, sem montar “tendas”, para voltar ao caminho de crescimento no quotidiano de cada história pessoal.

Uma abundante riqueza de etapas e de dons. Pela leitura do Sínodo de 2018, sob o tema «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional», observa-se que a reflexão do mesmo rapidamente se ocupou do acompanhamento no discernimento vocacional, diante da pressa de alimentar as instituições vocacionais e as comunidades eclesiais. Esta pressa parece ter descartado a observação realista da situação crente dos jovens, sobretudo influenciada por um nítido e forte corte intergeracional na transmissão da fé, causado pela falta de educadores adultos ─ aqueles que sofrem a síndrome de Peter Pan ─ que redonda nisto: enquanto a maioria dos adultos quer ser sempre jovem, os jovens veem-se com falta de referências para virem a ser adultos. Resumidamente, ser adulto é ─ como inspira o Evangelho ─ ter mais alegria em dar do que em receber.

Juntos no mesmo caminho. O Papa pede uma Igreja que seja aberta a TODOS, para que todos possam ter acesso ao mesmo Caminho que é Jesus Cristo, não para, depois, viver “em capelinhas” que, quase, nos devolvem a um certo “caos” ou dispersão que corrói a missão em saída. Este perigo é premente num tempo em que o clericalismo (de padres ou de leigos) ou diversos tipos de populismos polarizam a vida cristã, por vezes, em aspetos acessórios e não centrais da mesma, pervertendo o sentido do caminho cristão. Se a pastoral não tem vindo a ser vocacional, é porque urge afirmar ainda mais a etapa do crescimento na fé.  Para além de juntos, precisamos de caminhar organizados, integrando a riqueza de dinamismos já existentes, como foi bom de contemplar na preparação e vivência da JMJ Lisboa 2023. Estivemos com o Papa Francisco em Lisboa, uns presencialmente, outros pelas redes sociais. Vamos estar unidos a ele, também, nas próximas assembleias sinodais, para que a mesma apareça ─ pela comunhão, participação e missão ─ credível num mundo que almeja a paz.

 

P. António Jorge
CategoryDiocese, Pastoral

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