Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Observatório Pastoral

 

Apesar da incidência – e da insistência – do Concílio Vaticano II na identidade da Igreja, ainda persistem alguns equívocos e não poucas distorções.

Assim, quando falamos da Igreja, ainda há quem pense mais na instituição do que no mistério e quem tome uma parte pela totalidade.

De facto e apesar da dimensão institucional ser importante, a Igreja é, antes de mais e acima de tudo, o mistério. Não se trata do mistério no sentido de enigma indecifrável ou segredo inatingível, mas do mistério como o desígnio eterno de Deus presente no mundo. É, aliás, esta aceção que é veiculada pela palavra «sacramento».

A Igreja nasce da comunhão entre Pai, o Filho e o Espírito Santo. A dimensão institucional existe para tornar visivelmente presente no tempo esta comunhão eterna.

É pelo Batismo que mergulhamos nesta comunhão trinitária e, nessa medida, é pelo Batismo que nos tornamos membros da Igreja. Formamos todos um único Povo de Deus. No entanto, ainda persiste a ideia que a Igreja é a hierarquia. Quando alguém quer apurar o ponto de vista da Igreja sobre determinado assunto, imediatamente pensa em bispos e em padres. Concentra-se, deste modo, em apenas 0,1% da sua totalidade, deixando de lado os restantes 99,9%. Sucede que a pertença à Igreja não vem pelo sacramento da Ordem, mas, desde logo, pelo sacramento do Batismo. É pelo Batismo que nos tornamos membros deste povo.

A Igreja é, por isso, toda ela missionária e toda ele ministerial. Não pode persistir uma conceção em que haja agentes de um lado e destinatários do outro. Na missão todos estamos envolvidos; todos somos simultaneamente agentes e missionários. Todos carecemos de ser evangelizados e todos devemos ser evangelizadores.

Numa Igreja vista como um corpo, há lugar para todos os membros, para todas as funções, para todos os serviços. Não há lugares passivos. Todos têm um papel ativo, sem sobreposições nem subalternidades.

Há mais de cinquenta anos, o Concílio Vaticano II recordou-nos que as questões relativas ao mundo dizem respeito sobretudo aos irmãos leigos. É a chamada «característica secular».  No entanto, continuamos a obscurecer o seu lugar e a subestimar a sua intervenção. Os padres e os Bispos não esgotam a Igreja. Constituem, sim, um prestimoso serviço na Igreja. Por isso chamam-se ministros, isto é, servos.

Seguindo o pensamento de S. Paulo (cf. 1Cor 12), não pode haver cristãos de primeira e cristãos de segunda. Todos têm um lugar importante na Igreja. De resto, a importância de um lugar na Igreja não se afere pelo poder. Na Igreja, há serviço. (…)

Impõe-se, por conseguinte, um crescimento na maturidade da fé e na formação. A formação ainda é muito rudimentar, pelo que persiste algum infantilismo eclesial. As pessoas colaboram quando são convidadas, mas, apesar da evolução que se tem notado, continuam a mostrar pouca iniciativa. A lógica do serviço não é a do convite, mas a do chamamento. E o chamamento é feito a todos desde o Batismo. Trata-se do chamamento à fé e do chamamento à missão!

 

Pe. João António Pinheiro Teixeira
In Continuará o Concílio Atual?
CategoryDiocese, Pastoral

© 2016 Diocese de Viseu. Todos os direitos reservados.
Desenvolvimento: scpdpi.com

Siga-nos: