Vinde, Senhor Jesus!
Vivemos na expectativa da tua chegada, Senhor Jesus! Na alegria de surgir uma nova humanidade, uma Igreja renovada, tão necessitada da tua divindade, Senhor Jesus!
É por isso que o Advento é o tempo da esperança por excelência na liturgia, o tempo da mudança e da conversão pascal. É uma espiritualidade rica de sinais e de dinâmicas diversas, sejamos sem fim: “Alegres na Esperança” (Rm 12,12).
É na verdade a “alegria na esperança” anunciada pelos profetas e pregada pelos apóstolos, levada pela Igreja até aos confins da terra, que faz botar do mistério de Deus a alegria da revelação do nascimento de Jesus, que tem o seu cume no mistério pascal de Cristo pela da força da sua ressurreição.
O mundo em que vivemos marcado pela divisão, pelo erro, pela tristeza, pela indiferença, pela violência, pelo ódio entre os povos e nações divididas, que destroem a pessoa humana e os valores da humanidade.
A esperança sem um ideal de fraternidade e solidariedade específico, na construção do bem comum para todos, com tantos cenários que mergulham em dor, em guerras, em conflitos à procura da paz, da justiça e da libertação, não teremos o mundo novo dos valores humanos, cívicos, éticos, sociais e espirituais que tardam em chegar ao mundo atual.
Jesus já veio no primeiro Advento, nasceu para nós no primeiro Natal, vem em cada dia, sempre que o homem quer encontrá-lo, porque “Ele é de Ontem, de Hoje e de Amanhã”.
Jesus é de sempre e está próximo connosco, como o nosso maior amigo, aquele que nunca falha e, que neste Advento quer fazer um compromisso connosco para nos convidar a “caminhar juntos” com Ele, com cada um de nós e com as nossas comunidades dando esperança à “comunhão, à participação e à missão”.
“A esperança é alimentada pela oração. Rezando, salvaguarda-se e renova-se a esperança. Rezando, mantemos acesa a centelha da esperança. “A oração é a primeira força da esperança. Rezas e a esperança, avança” (Francisco, Catequese, 20/V/2020. Rezar é como subir a grande altitude: quando estamos na terra, muitas vezes não conseguimos ver o sol, porque o céu está coberto de nuvens. Mas se subirmos acima das nuvens, envolvem-nos a luz e o calor do sol; e nesta experiência, encontramos a certeza de que o sol está sempre presente, mesmo quando tudo se apresenta cinzento” (Francisco, Mensagem para a XXXVIII JMJ, 2023).
O Advento é por excelência o tempo da esperança messiânica, como lembrava o Papa Francisco aos jovens no “Dia Mundial da Juventude”. Esperemos no Senhor, que vai chegar, vivamos o nosso Advento e da Igreja com fé no meio das encruzilhadas de cada dia, na esperança de encontrar com confiança a estrada certa, que nos leva ao encontro de Jesus no presépio de Belém, que hoje fazemos nas nossas Igrejas, casas e instituições.
Vamos todos preparar o Natal de Jesus com a esperança “da vida em abundância”, com a fé e audácia de são João Batista para endireitarmos os caminhos do Senhor, com a dinâmica de proposta de caminho de Advento oferecida pelo Departamento da Pastoral, da Catequese e da Liturgia da Diocese construir na nossa vida as raízes do sobrenatural e da espiritualidade, para que Jesus nasça para nós e seja o rebento novo, que brotou da raiz fecunda do tronco de Jessé.
O Advento é a esperança viva de Deus em nós, mas também é a certeza da fé, que vê cumprida a promessa do Salvador a toda a humanidade.
“Deus veio à humanidade de uma maneira extraordinária: o Filho de Deus assumiu pessoalmente e em toda a sua realidade a natureza humana, que recebeu da Virgem Maria, segundo a vontade do Pai e pela ação do Espírito Santo. É assim que Jesus Cristo, Filho de Maria, é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, como disse São João: “O Verbo de Deus fez-se carne, habitou entre nós e nós vimos a sua glória como de Filho único do Pai, cheio de graça e de verdade” (O que é ser Cristão, nº 16).
A glória da humanidade está em aceitar de maneira decisiva a vinda Jesus na pobreza do presépio, na humildade e na simplicidade da Sua natureza humana como fez Maria e José.
O presépio que queremos construir ao longo deste Advento brotará para “Todos das Raízes da Alegria” (Cf. Programa Pastoral, 2023-2024), de um Deus, que no Seu Filho Jesus quer humanizar e divinizar a natureza humana.
Jesus, esperamos-Te com fé e confiança, queremos fazer do teu Natal a celebração da verdadeira Vida, porque tu nasceste e vieste ao mundo para salvar o homem no encontro da vida, que em Ti assumiu a natureza humana, para nos oferecer a vida divina em plenitude.
“Um cristão é um homem de esperança: entra no movimento da História para apressar a realização dum futuro que Deus lhe fez entrever na Revelação” (O que é ser Cristão, p. 60).
A sua vida está no serviço ativo do plano do amor de Deus pelos homens, e a sua oração é um pedido quotidiano da vida prometida a Maria, a Senhora do Advento e da Esperança: “Vinde, Senhor Jesus! Maranata!
António Luciano, Bispo de Viseu