“Anuncio-vos uma grande alegria: Hoje nasceu o nosso salvador, Jesus Cristo, Senhor” (Lc 2,10-11).
“Oh admirável noite em que nasceu/ Do seio de Maria o Redentor!/ Em humildade extrema apareceu/Quem é do Pai celeste resplendor”.
“Nações do mundo inteiro, bendizei,/ Louvai o Deus Menino e sua Mãe;/Louvai com alegria o vosso Rei,/ Nascido na pobreza de Belém”.
“Exultemos de Alegria, /Adoremos o Senhor:/ Da Virgem Santa Maria/ Nasceu Cristo, o Redentor.” (Hino de Vésperas I, Natal).
Isaías na primeira leitura afirma que chegou um tempo novo, um tempo de alegria e contentamento: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; […] uma luz começou a brilhar” (Is 9,1). Tudo o que é velho e destrói o coração do homem e a vida humana como a guerra, a violência, o ódio e a injustiça será destruído, porque o tempo novo da esperança messiânica será o nosso provir.
Queridos cristãos deixemo-nos iluminar por esta Luz divina. Celebremos com alegria e com um coração agradecido a festa o nascimento de Jesus.
“Porque um menino nasceu para nós, um Filho nos foi dado. Tem o poder sobre os ombros e será chamado “Conselheiro Admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da Paz” (Is 9, 5) para consolidar por meio da justiça, do amor e da paz a salvação para todos os seres humanos.
Chegou a plenitude dos tempos e Deus enviou o Seu Filho nascido de uma mulher (cf. Gal,1,1) e cumpriu-se a Palavra de Deus, anunciada pela boca do profeta: “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho; e hão de chamá-lo Emanuel, que quer dizer Deus connosco. Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor, e recebeu sua esposa […] ela deu à luz um filho, ao qual ele pôs o nome de Jesus” (Mt 1, 23-25).
Convidados a cantar o cântico novo nesta Eucaristia da noite Santíssima de Natal, celebremos o nascimento de Jesus, o Salvador do mundo e deixemo-nos encontrar com Ele, Aquele que os vem salvar, “O Emanuel que quer dizer Deus connosco”. Deixemos que Ele nasça no nosso coração e na nossa vida para partilharmos o seu amor com toda a humanidade.
“Manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens […] para vivermos no tempo presente, com temperança, justiça e piedade, aguardando a ditosa esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo que se entregou por nós” (Tito, 2, 11-14).
Jesus nasceu, cresceu, viveu e passou a vida a fazer o bem e acabou por morrer na Cruz e Ressuscitar para nos salvar e nos dar a “vida em abundância”.
Maria e José foram a Belém, à cidade de David para se recensear, segundo o Edito do Imperador César Augusto. Maria estava para ser mãe, mas não tiveram acolhimento, nem alojamento em lugar nenhum, em Belém, a cidade do pão.
“E, quando ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz e teve o seu Filho Primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 6-7).
Nesta Santa noite de Natal, que nos trouxe a luz divina, com o nascimento de Jesus, alegremo-nos com os pastores que “nos campos, guardando os seus rebanhos durante a noite”, lhe apareceu um anjo e disse-lhes: “Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor. Isto vos servirá de sinal, encontrareis um menino envolto em panos deitado numa manjedoura” (Lc 2, 10-12). Maria envolveu o seu Filho em panos e deitou-O numa manjedoura e contemplava a salvação de Deus.
Os anjos celestes associaram-se ao nascimento de Jesus e cantavam: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado”. Os pastores partiram apressadamente e foram “a Belém ver o que aconteceu e o que o Senhor lhes deu a conhecer”, e “encontraram Maria, José e o menino deitado na manjedoura” (Lc 2,16). Depois, cheios de fé e alegria adoraram o Menino Jesus e ofereceram-lhe os seus presentes.
“Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura” (Lc 2, 13). Jesus revela-se sempre aos pequeninos, aos humildes, aos simples, aos pobres, aos doentes, aos marginalizados e aos rejeitados da nossa sociedade. Os pastores ficaram cheios de alegria e felicidade e foram comunicar aos outros pastores o que tinha acontecido na cidade de Belém.
“Depois de o terem visto, começaram a divulgar o que lhes tinham dito a respeito daquele menino […] Quanto a Maria, conservava todas estas coisas, meditando-as em seu coração. E os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes fora anunciado” (Lc 2, 17-20).
Como os pastores vamos todos adorar o Menino Jesus no Presépio, nesta noite santa comemorando a celebração dos 800 anos da construção do primeiro Presépio ao vivo, realizado por São Francisco de Assis e pelos seus companheiros em Greccio, Itália. Na noite de Natal de 1223 durante a celebração da Eucaristia com o povo, encenou o presépio e adorou o Menino, que nasceu para nós como o “Príncipe da Paz”, Jesus aquele que veio para nos salvar.
Nesta noite, uma grande luz desceu sobre a terra e brilhou para iluminar os corações tristes e sofridos mergulhados na solidão da nossa existência terrena e da nossa indiferença na fé. A noite fria e escura de Belém trouxe-nos a todos um sinal de esperança para vivermos uma humanidade, um tempo novo, que se deixa iluminar em cada dia por Jesus Cristo, Luz do mundo.
Nesta Santa noite viestes nascer no meio de nós. “Vemos-Te concreto, porque concreto é o teu amor por nós” (Papa Francisco).
Como nos pede o Papa Francisco, diante do Presépio com a presença de Jesus Maria e José, contemplemos a Sagrada Família, adoremos Jesus e façamos que Ele seja para cada um de nós a “Raiz da Alegria” e da paz.
Rezemos nesta noite pela paz! Pelos países em guerra: Ucrânia, Terra Santa, Israel, Palestina e todos os países onde há guerra, violência escravidão e estruturas de morte, para que se calem as armas e se construa a paz, a justiça, a fraternidade e o amor.
Pela nossa Pátria e seus governantes e por todos os que estão investidos em autoridade.
Rezemos pelos médicos, enfermeiros, bombeiros, proteção civil, forças de segurança e todos os cuidadores dos doentes e dos idosos nas mais diversas instituições, todos os que trabalham nesta noite de Natal.
Rezemos pela Igreja, por aqueles que são perseguidos e por todas as vítimas que sofrem violência e qualquer tipo de opressão, de abuso da dignidade humana, do poder e de consciência.
Rezemos pelas famílias, pelas crianças adolescentes e jovens. Por todos os que trabalham e vigiam nesta noite e cuidam das crianças, dos indefesos e da segurança das pessoas e dos povos.
Rezemos pelos nossos pastores e pelas nossas comunidades paroquiais para que se renovem neste Natal e se empenhem na caminhada sinodal da Igreja na “comunhão, participação e missão”. Por todas as crianças, que estão para nascer e vão nascer hoje, e pelas suas mães para que sejam ajudadas pelas suas famílias e pelos serviços e cuidados de saúde para todos.
Para todos os que vivem sozinhos e abandonados que o Menino de Belém seja o seu conforto e a sua companhia. Desejo a todos os diocesanos, sacerdotes, diáconos, consagrados, seminaristas, famílias, crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos e doentes votos de Santas Festas de Natal com Jesus, Maria e José. Ámen!
+ António Luciano, Bispo de Viseu