Voz do Pastor
A tarefa de tudo fazer pela paz entre todos os povos e nações
O Papa Francisco continua a desafiar a Igreja e todas as pessoas de boa vontade, para sermos protagonistas de uma sociedade que tem diante de si, um dos maiores desafios da humanidade é a urgente missão de construir a paz em todas as dimensões da vida.
Têm sido muitos os apelos do Papa nas suas homilias, discursos, mensagens, eventos, festividades natalícias e nas suas saudações e votos de um Ano Novo 2024 cheio de paz e de esperança.
Desta vez foi no discurso e encontro com o Corpo Diplomático, que o Papa Francisco disse: “O caminho da paz passa pela educação, que é o principal investimento no futuro e nas gerações jovens”.
O Papa recorda com gratidão a Jornada Mundial da Juventude realizada em Portugal no passado mês de agosto. “Ao mesmo tempo que volto a agradecer às Autoridades portuguesas, civis e religiosas, o empenho posto na organização, conservo no coração aquele encontro com mais de um milhão de jovens, provenientes de todas as partes do mundo, cheios de entusiasmo e vontade de viver. A sua presença foi um grande hino à paz e o testemunho de que “a unidade é superior ao conflito” e que é “possível desenvolver uma comunhão nas diferenças”.
A celebração dos 103 anos de vida do Semanário “Jornal da Beira”
Órgão de Comunicação Social de inspiração cristã da Diocese de Viseu, convida-nos a todos a dar mais atenção a um Jornal, que tem como tantos outros no país uma longa história, mas no presente sofre algumas dificuldades, precisando de mais leitores e assinantes. A Fundação Jornal da Beira e a Diocese de Viseu têm em suas mãos o desafio da sua continuidade, manutenção e sustentabilidade futura. O Jornal precisa de todos, e juntos precisamos de um Jornal atualizado, inovador, fiel à sua matriz, mas que seja capaz de oferecer aos seus assinantes em cada semana aquilo que eles esperam dele. Um amigo que defenda e fale de notícias da região, da cidade e da Igreja Diocesana, continuando a ser um púlpito onde é anunciado o Evangelho e proposta a todos de forma harmoniosa e genuína a Doutrina Social da Igreja e um verdadeiro humanismo construtor de valores da verdadeira paz, que faça terminar as guerras.
Que o Tempo Comum da Liturgia, que agora iniciamos nos traga a esperança de um horizonte de paz e de campos verdejantes em todos os lugares onde os homens semearam a guerra e a violência entre povos e nações. Que o verde da esperança e da primavera surja depressa cheio de flores em todos os cenários de guerra, de destruição e de morte. Que a paz surja como uma sementeira de rebentos novos, que hão de aparecer sobre as cinzas da destruição, provocadas pela maldade dos homens.
A construção da unidade e da paz como caminho de Ecumenismo
A unidade dos cristãos na busca da paz e da reconciliação, desafia-nos a colocar o amor no centro da nossa vida e das nossas preocupações. Só o amor ama, perdoa, desculpa, acolhe, partilha e dá sentido à vida dos irmãos, oferecendo-lhe o necessário, do que eles precisam em cada dia.
A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que vamos celebrar de 18 a 25 de janeiro, dia da festa da conversão do apóstolo são Paulo. Os materiais para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2024 foram preparados por uma equipa ecuménica de Burkina Faso, coordenada pela Comunidade Chemin Neuf (CCN) naquele país.
O tema escolhido tem a seguinte frase do Evangelho: “Amarás o Senhor, teu Deus… e ao teu próximo como a ti mesmo” (Lc 10,27). Este subsídio para a vivência de um verdadeiro caminho de conversão ecuménica é feito de orações e reflexões fruto de um trabalho de uma Igreja presente num país que “tem 21 milhões de habitantes, com cerca de sessenta etnias. Em termos religiosos, aproximadamente 64% da população é muçulmana, 9% pertence às religiões tradicionais africanas e 26% é cristã (20% Católica, 6% Protestante). Esses três grupos religiosos estão presentes em todas as regiões do país e em praticamente todas as famílias”.
O testemunho do guião da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos tem a particularidade de ser feito por cristãos num país de perseguição aos cristãos, às Igrejas cristãs que tem sido alvo de ataques específicos armados a sacerdotes, pastores e catequistas onde muitos foram mortos ou sequestrados. Uma Igreja perseguida e sofrida, que pede o auxílio do Senhor e dos irmãos, para cuidarem das feridas de todos e trilharem o caminho do ecumenismo com confiança e esperança.
Os cristãos são chamados a agir como Cristo, amando como o Bom Samaritano, mostrando misericórdia e compaixão para com os necessitados, independentemente da sua identidade religiosa, étnica ou social. Não são as identidades compartilhadas que nos devem levar a ajudar o outro, mas o nosso amor ao próximo, mostrando a capacidade de amar como Cristo amou. É aprendendo a amar uns e outros, independentemente das nossas diferenças, que os cristãos podem tornar.se próximos como o samaritano do Evangelho.
O caminho do Ecumenismo é como um despertar para a esperança de uma nova relação pacífica com todos aqueles que acreditam em Cristo. Requer de todos nós atitudes novas de comunhão, de unidade, de proximidade e de compromisso.
“Jesus orou para que os que o seguem sejam todos um (cf. Jo,17,21) e, portanto, os cristãos não podem perder a esperança ou deixar de orar e trabalhar pela unidade. Eles estão unidos pelo seu amor a Deus em Cristo e pela experiência de conhecer o amor de Deus por eles. Eles reconhecem essa experiência de fé uns nos outros quando juntos oram, adoram e servem a Deus”.
Sejamos verdadeiramente construtores de um mundo novo, de uma Igreja renovada e unida no amor a Deus e ao próximo. Rezemos pela “Paz”, pelo presente e futuro do “Jornal da Beira” e pelos bons frutos da “Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos”.
Que a nossa comunhão, unidade e oração unida à do salmista, saiba anunciar e partilhar com confiança a todos os que acreditam em Cristo: “O Senhor abençoará o seu povo na paz”.
+António Luciano, Bispo de Viseu