Voz do Pastor
A Vida Consagrada, para que serve?
Uma pergunta que pode ter a seguinte resposta. A vida consagrada é um dom sobrenatural, que Deus concede aos seus filhos, homens e mulheres, que pela graça do batismo iniciaram um itinerário de chamamento à santidade, que atinge a maturidade da fé na vocação de consagração na Igreja, deixando tudo para seguir Jesus pobre, casto e obediente.
Celebramos o Dia da Vida Consagrada na festa da Apresentação de Jesus no Templo, no próximo dia 2 de fevereiro de 2024. Com os olhos fixos em Jesus, a “Luz das nações”, o Filho enviado pelo Pai, convida-nos a deixar tudo para O seguir, na radicalidade do Evangelho.
O Código de Direito Canónico no Livro II, acerca do povo de Deus afirma: “A vida consagrada pela profissão dos conselhos evangélicos é a forma estável de viver pela qual os fiéis, sob a ação do Espírito Santo, seguindo a Cristo mais de perto, se consagram totalmente a Deus sumamente amado, para que, devotados por um título novo e peculiar à Sua honra, à edificação da Igreja e à salvação do mundo, alcancem a perfeição da caridade ao serviço do Reino de Deus e, convertidos em sinal preclaro na Igreja, preanunciem a glória celeste” (Cân.573 -§ 1.)
Os membros dos Institutos de Vida Consagrada, Sociedades de Vida Apostólica e Institutos Seculares assumem livremente o estilo de viver a vocação por meio dos votos, ou outros vínculos sagrados, de acordo com as próprias leis dos Institutos, professam e observam os conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência ao serviço da Igreja na tríplice missão de Cristo de ensinar, santificar e governar.
Através do carisma próprio e específico vivem a vocação animada pela dimensão espiritual e pastoral, segundo o espírito das Constituições próprias de cada Instituto.
A vocação de consagração enriquece a vida da Igreja, das pessoas e do mundo, através do serviço da evangelização, da catequese, do ensino, da liturgia, dos sacramentos, da oração, da caridade, da liderança nos serviços e obras específicas como as escolas, creches, hospitais, lares para jovens, idosos, doentes e fragilizados.
Os consagrados contribuem para a edificação da Igreja, santificação do Povo de Deus, formação dos agentes pastorais, aumento das vocações religiosas, sacerdotais e laicais tendo como objetivo a construção do Reino de Cristo.
A diminuição drástica de candidatos à vida consagrada, ao sacerdócio e à vida missionária, principalmente nos países da Europa, deve levar-nos a todos a fazer uma leitura antropológica, sociológica, filosófica, teológica e pastoral sobre a vida consagrada na Igreja.
O Código de Direito Canónico afirma: “A vida religiosa, como consagração da pessoa toda, manifesta na Igreja um admirável consórcio fundado por Deus, sinal da vida futura. Deste modo consuma o religioso a sua doação plena como sacrifício oferecido a Deus, pelo qual toda a sua existência se torna contínuo culto de Deus na caridade” (Cân.607 – § 1.).
Além da vida consagrada a Igreja é enriquecida ainda com “a vida eremítica ou anacorética, pela qual os fiéis por meio de um mais estrito afastamento do mundo, do silêncio na solidão, da oração assídua e da penitência, consagram a sua vida ao louvor de Deus e à salvação do mundo” (Cân.603 – § 1.). Vivem ainda a sua vocação de consagração todas as que abraçaram a Ordem das Virgens.
O Código de Direito Canónico lembra, que um “Instituto secular é o instituto de vida consagrada, em que os fiéis, vivendo no século, se esforçam por atingir a perfeição da caridade e por contribuir, sobretudo a partir de dentro, para a santificação do mundo” (Cân.710).
Ao falar das Sociedades de Vida Apostólica afirma: “Aproximam-se dos institutos de vida consagrada as sociedades de vida apostólica, cujos membros, sem votos religiosos, prosseguem o fim apostólico próprio da sociedade e, vivendo em comum a vida fraterna, de acordo com a própria forma de vida, tendem, pela observância das constituições, à perfeição da caridade” (Cân, 731 – § 1.).
Deus continua a chamar todos os dias na paróquia, na família, na catequese, no grupo de jovens, no escutismo, na preparação para o Crisma, na escola, na universidade, no trabalho, nos serviços pastorais, no voluntariado, nos movimentos, na Missão País, nas obras e movimentos da Igreja, para a vida contemplativa, religiosa ativa, missionária, sacerdócio, para a consagração secular e ainda novas formas de viver a vocação na Igreja e no mundo.
Rezemos pelo aumento das vocações de consagração na Igreja, criemos grupos de oração nas paróquias e comunidades para pedir ao Senhor, que suscite no coração dos jovens o dom da vocação de consagração para sermos “evangelizadores com espírito” e “discípulos missionários”.
Entrego a Jesus, a Nossa Senhora, a São José e a todos os Santos fundadores, a celebração do Dia do Consagrado.
Agradeço aos religiosos(as), consagrados(as), aos sacerdotes, missionários, membros dos Institutos Seculares e Ordem das Virgens, que estão ao serviço da Diocese de Viseu todo o trabalho, oração e testemunho de vida pascal.
Peço a Deus pelos candidatos(as) à vida consagrada, noviços(as), seminaristas, crianças, adolescentes e jovens, para que se deixem iluminar pela luz de Cristo
+António Luciano, Bispo de Viseu