Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Com um coração em festa, celebremos o dom da santidade em São Teotónio

Caríssimos sacerdotes, diáconos, consagrados(as) e leigos, meus irmãos e irmãs na fé. Saúdo-vos fraternalmente na paz, neste dia em que fazemos memória festiva da vida e do ministério sacerdotal de São Teotónio ao serviço da Igreja de Viseu, como nosso padroeiro.

“Naquele tempo, o Espírito Santo impeliu Jesus para o deserto…” (Mc 1, 12). Também o Espírito Santo chamou São Teotónio e enviou para a Igreja de Viseu. Também o Espírito Santo nos impele hoje a fazermos juntos o caminho que São Teotónio percorreu e nos legou numa herança espiritual e pastoral cheia de tradições eclesiais, que nos desafiam a todos no presente e no futuro.

Todos nós somos chamados a ser “evangelizadores com espírito” e a anunciar o Evangelho de Jesus ao povo da Diocese de Viseu, que nos está confiado com um novo ardor, uma nova linguagem e novos métodos.

A isto, chamou-lhe São João Paulo II de “Nova Evangelização”, mas para acontecer temos nós de, em primeiro lugar, acolher o chamamento de Deus, para depois vivermos a missão de anunciar o Evangelho e entregar a nossa vida ao serviço de todos.

Os presbíteros, os diáconos, os consagrados (as) e os leigos, temos diante de nós um exemplo específico, que nos abre horizontes para viver a missão da Igreja em continuidade e criatividade pastoral no cumprimento do mandato de Jesus: “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a todas as criaturas, ensinai-as e batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

A atualidade da vida e da pregação de São Teotónio passa por este “caminhar juntos” na fidelidade ao Evangelho, à renovação da vida pessoal e eclesial, na defesa da vida e promoção da dignidade da pessoa humana, ao serviço dos pobres, dos doentes e os excluídos da sociedade.

A vida e a santidade de São Teotónio marcaram profundamente a nossa cidade e a nossa Diocese, e, ainda hoje, nos desafiam a sermos fiéis à Palavra de Deus e ao serviço dos irmãos. Os ensinamentos de São Teotónio convidam-nos a sermos discípulos missionários empenhados na construção do Reino de Deus.

A Solenidade de São Teotónio vivida neste contexto litúrgico da caminhada quaresmal, leva-nos a acolher de novo a pregação de Jesus: “Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho” (Mc 1,15).

O convite à conversão é motivo de alegria e de festa para todos presbíteros, diáconos, consagrados(as) e os leigos reunidos nesta Catedral para hoje celebramos como Mãe, Mestra e Educadora na fé, o Dia da Igreja Diocesana.

 

 

A Quaresma propõe-nos um caminho de conversão pessoal e comunitária

Jesus é conduzido pelo Espírito Santo ao deserto, onde jejua durante quarenta dias, acompanhado pela oração. O deserto volta a ser o lugar do primeiro amor. A conversão é um caminho privilegiado para experimentar o dom da salvação. A palavra deserto pode significar um deserto geográfico, mas sobretudo um deserto no sentido teológico.

Para a teologia bíblica o deserto tem sempre dois sentidos: por um lado é o lugar privilegiado de encontro com Deus, mas por outro lado é o lugar de “prova” de “tentação”, onde se pode “perder” a vida. A vida é esse deserto, esse lugar privilegiado de encontro com Deus, esse lugar onde os milagres se realizam, esse lugar onde a vida se transforma e os corações se convertem.

A Quaresma que iniciámos: “Faz-nos entrar no deserto, ó Senhor, sem medo e sem máscaras, e com o desejo sincero de purificar o coração… Que nunca nos vença ou convença, a tentação do desânimo, que não nos seduza a tentação da indiferença, que jamais nos vença a tentação da idolatria”. Faz nos entrar no deserto, ó Senhor, faz-nos chegar ao lugar do primeiro amor, ao terreno da intimidade onde o coração se converte e deixa tocar por Deus.

É na vida concreta e quotidiana que sentimos as tentações e as provações, o desejo de caminhar sem os outros e sem Deus, o lugar da indelicadeza e da arrogância, do poder e do auto-referencialismo, da violência, da indiferença, da injustiça, da guerra, do pecado e da maldição.

A missão de São Teotónio como profeta da esperança

Jesus envia-nos para anunciarmos os valores e os critérios do Reino de Deus, o Evangelho de Jesus. Jesus sabe que nós somos frágeis, que somos pecadores, por isso vem em auxílio da nossa fraqueza com a sua graça e misericórdia.

A mudança de época em que vivemos, com todas as suas consequências, convida-nos a empreender este caminho novo, com a ajuda e a proteção de São Teotónio segundo o espírito da “ecologia do coração”, de que tanto nos fala o Papa Francisco.

A Palavra de Deus ilumina-nos e faz-nos desafios pessoais e pastorais grandes. “Estabelecerei a minha aliança convosco, com a vossa descendência e com todos os seres vivos que vos acompanham”.

O caminho da Aliança, que todos nós de modo consciente estamos a fazer, deve renovar a nossa vida e a nossa Diocese no caminho para a Páscoa. Jesus Cristo é a Nova e Eterna Aliança selada com o Seu próprio Sangue, o Cordeiro Imolado sem mancha, que nos resgatou do pecado e nos deu a vida da graça.

Os apelos pastorais de São Teotónio à nossa Igreja Diocesana

Caríssimos sacerdotes, diáconos, consagrados(as) e leigos nós somos herdeiros do testamento espiritual e pastoral de São Teotónio profeta e evangelizador do seu povo na Igreja e  na cidade de Viseu, que hoje nos coloca os seguintes desafios:

  1. Como sacerdotes, diáconos, consagrados(as) e leigos procuremos imitar a santidade de São Teotónio, sacerdote zeloso, alegre e acolhedor, disponível para todos com uma atenção preferencial pelos mais pobres, entregando a nossa vida ao serviço da Igreja com diligência e caridade.
  2. Com um coração agradecido e orante saibamos imitar as suas virtudes e com elas transformar o mundo e os ambientes eclesiais e sociais da nossa Diocese.
  3. Confiemos a São Teotónio a nossa vida, o nosso ministério, o nosso apostolado e peçamos-lhe a graça de cuidar de novo da nossa cidade e da Diocese com testemunho de conversão, de renovação pastoral e de dinamismo sinodal.
  4. Empenhemo-nos todos na mudança de coração e de vida cristã com estratégias de renovação eclesial das comunidades, das estruturas e dos serviços diocesanos.
  5. Peçamos a intercessão de São Teotónio junto de Deus, pelo povo que nos está confiado, de modo a crescermos na fé, na confiança, na gratidão, no louvor e na ação de graças.
  6. Aproveitemos o caminho quaresmal que estamos a viver e a fazer juntos no chamamento à conversão, à penitência, à oração e ao jejum e que realize em nós a experiência sinodal do “enraizamento em Cristo”.
  7. Como Igreja Diocesana vivamos a experiência espiritual da fé e o testemunho cristão em profunda comunhão com Deus e com o próximo.

A missão evangelizadora de São Teotónio hoje

A vida de São Teotónio convida-nos a identificar a nossa missão de Igreja evangelizadora em caminho sinodal, de modo a sermos uma Igreja evangelizada e evangelizadora.

Neste contexto da vocação e da fidelidade ao serviço a Deus, à Igreja e aos irmãos os nossos diáconos permanentes vão renovar de novo as suas promessas diaconais.

Olhemos para São Teotónio como uma coluna firme na fé, na esperança e na caridade, lutando também contra os costumes mundanos do seu tempo. Enviado pelo Bispo de Coimbra para cuidar da Igreja de Viseu, veio com fervor e alegria pregar o Evangelho e o mistério da Santa Cruz a esta cidade. “Anunciar o Evangelho não é para mim um título de glória, é uma obrigação, que me foi imposta. Ai de mim se não anunciar o Evangelho!” (1 Cor 9,16).

Esta dimensão evangelizadora encontrou eco na vida de São Teotónio e fez dele um pastor exemplar e zeloso junto do seu povo.

Na docilidade ao Espírito Santo anunciou o “Evangelho da Alegria” e cultivou as virtudes teologais e morais, tornando-se um exemplo de santidade para todos.

Como mestre de vida espiritual, a todos procurava ensinar com amor, caridade e delicadeza humana em tempos difíceis e pobres.

Com um testemunho de esperança e de fé na obediência aos superiores, sacrificou sempre a sua vontade para viver e fazer a vontade de Deus.

Testemunho de um sacerdote culto, iluminado pelo Espírito Santo, soube fazer um caminho de conversão e de discernimento na fidelidade à missão, que a Igreja lhe confiou.

A vida de São Teotónio continua a ser uma resposta de Deus hoje, num tempo marcado por diversas crises, que nos desafiam a todos a viver a santidade como vocação universal.

Peregrino de Deus, um homem e um sacerdote de vida interior, de oração, de jejum, de esmola, de ação pastoral concreta, foi um intercessor junto de Deus e um irmão próximo de todos.

Que desafios nos faz hoje a Igreja Diocesana em caminho sinodal de renovação

As Orientações do Caminho Sinodal que estamos a refletir, nas nossas comunidades paroquiais, ajudam-nos como Igreja Diocesana a fazer o caminho de renovação e organização pastoral, em que todos estamos empenhados.

Agradeço a todos aqueles que trabalharam na organização deste dia da Festa de São Teotónio e Dia da Igreja Diocesana, que Deus vos recompense e desafie a fazer da pastoral da Igreja um caminho de conversão, de renovação e de santidade.

Agradeço o vasto programa proposto para este dia a todos os intervenientes neste evento eclesial. A apresentação do Livro do Professor Reinaldo Cardoso, o concerto pelo Coro de São Teotónio e a Filarmónica de Ribafeita, a peregrinação aos lugares do Santo dinamizado pela Dra Fátima Eusébio, Responsável dos Bens Culturais da Diocese e do Museu da Sé, agradeço o dom desta solene Celebração Eucarística animada liturgicamente pelo Coro de São Teotónio. Agradeço a presença de todos vós, a das autoridades, sacerdotes, consagrados(as), leigos, seminaristas, acólitos, crianças, jovens   famílias e Coro de São Teotónio nesta Solenidade.

Peço ao nosso padroeiro, São Teotónio neste dia de festa e também o Dia da Igreja Diocesana, a coragem, a alegria e a força para sermos anunciadores da Alegria do Evangelho a todo povo de Deus. Imploro a Sabedoria do alto para não nos desviarmos do caminho da renovação eclesial e pastoral, que todos juntos estamos a fazer na Diocese de Viseu, “em caminho sinodal”.

Por intercessão da Bem Aventurada Virgem Maria, a Senhora do Altar Mor, de São Teotónio e de São Filipe de Néri, peço a Deus a fidelidade à Igreja e o compromisso apostólico de anunciar ao mundo de hoje o Evangelho da Alegria e da Paz. Ámen!

Viseu, 18 de fevereiro de 2024

+ António Luciano, Bispo de Viseu

 

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