De 20 a 24 de maio, os Bispos Católicos vão ao Vaticano, a convite do Papa Francisco, no âmbito da visita ‘Ad Limina’. Esta visita é feita com periodicidade quinquenal, ou seja, obrigatória a cada cinco anos, em que cada Bispo tem de apresentar ao Sumo Pontífice um relatório sobre a situação da Diocese que lhe está confiada. Trata-se de uma visita de trabalho, de reuniões e de contatos que os Bispos fazem junto da Santa Sé e dos seus diversos organismos, dicastérios e conselhos pontifícios.
No seu relatório, relativo ao período 2015/2023, a Diocese de Viseu apresenta a evolução do trabalho pastoral dos vários organismos, abrangendo todas as paróquias e serviços, sendo que a preocupação mais premente situa-se na realidade do mundo e da Igreja, no contexto social em que vivemos, incluindo as consequências provocadas pela Covid-19.
Um dos pontos realçados no relatório é a alteração da vida cristã de muitas comunidades eclesiais, que se reflete na participação da vida da Igreja, fruto também da desertificação de algumas paróquias, na indiferença religiosa e na mudança de paradigma da sociedade, levando ao enfraquecimento dos membros da Igreja, com a diminuição das vocações e dos sacerdotes.
A Diocese de Viseu sente que é necessário aprofundar o caminho sinodal e que, para isso, é importante valorizar a corresponsabilidade dos leigos, de outros agentes pastorais e dos jovens, com o objetivo da formação para os ministérios laicais.
Os assuntos abordados no relatório, com dados estatísticos de 2015 a 2023, têm também como objetivo perspetivar a pastoral do futuro, numa dimensão missionária, procurando incentivar a realização de um trabalho em conjunto, atentos aos problemas sociais, sobretudo derivados da migração e da pobreza, com responsabilidade na comunhão, participação e missão. Têm em vista a fase sinodal, que vai decorrer em outubro deste ano, com o horizonte no Jubileu da Esperança, que terá lugar em 2025.
A preocupação com o crescimento e a revitalização dos cristãos e da Igreja, na Diocese de Viseu, pode comparar-se com os dados estatísticos referentes aos sacerdotes no ativo, nos últimos nove anos, que diminuiu de 129 para 95. Já a idade média dos padres aumentou de 63,4 para 64,7, assim como o número de paróquias confiadas ao mesmo pároco. Atualmente, a Diocese de Viseu conta também com a colaboração missionária de sacerdotes, vindos de Angola e do Brasil, que assumem o cuidado pastoral de várias paróquias.
A formação sacerdotal tem vindo a ser uma aposta, em conjunto com outras Dioceses. O relatório refere que aumentou o número de sacerdotes doutorados ou licenciados, em Teologia, Direito Canónico e outras ciências. Também o número de diáconos permanentes aumentou, ao longo destes últimos anos, passando de 10 para 13, estando a Diocese empenhada na continuação da promoção e formação para o diaconado permanente.
Para colmatar a falta de novas ordenações e aumentar o número de sacerdotes e outros colaboradores, a Diocese está a apostar num trabalho vocacional de proximidade, feito em coordenação com os movimentos e obras presentes nas comunidades. “Estamos convictos que é necessário trabalhar mais as vocações sacerdotais, ministeriais e laicais para renovar os serviços e estruturas paroquiais, arciprestais e diocesanas”, contextualiza o Bispo, acrescentando que na Diocese de Viseu as perspetivas atuais são de “renovação e esperança, em caminho sinodal, para tornar a Igreja mais missionária, aberta à comunhão, participação e missão de todos”.
D. António Luciano refere que estes nove anos foram de “muita renovação e empenhamento na mudança”, realçando o processo de escuta que tem vindo a ser feito pelos sacerdotes, diáconos, consagrados, leigos e demais pessoas que participam na vida da Diocese.
A Jornada Mundial da Juventude veio trazer também um novo dinamismo junto dos jovens na Diocese e marcou o início de um novo triénio (2023-2026), com a nomeação de uma nova equipa da Pastoral Juvenil.
Visita será vivida com fé e emoção
O Bispo refere que “leva no coração” as preocupações e esperanças dos sacerdotes, consagrados e leigos, numa visita que será vivida “com fé e emoção”.
Para D. António Luciano, esta ida ao Vaticano, a primeira, vai acontecer num contexto de “grande emoção, surpresa, esperança e comunhão” com o Santo Padre e os responsáveis dos Dicastérios romanos. “Será um momento de comunhão e partilha entre os Bispos, de celebração e de visita às basílicas de Roma”, realçando a importância deste encontro como Pastor da Diocese de Viseu, que leva no seu coração os sentimentos e a esperança do povo de Deus que lhe está confiado e que apresentará ao Papa Francisco.
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) apresentou, no dia 9 deste mês, o programa da visita ‘Ad Limina’ que significa no limiar, na soleira, na entrada, nos limites (das basílicas) dos apóstolos (Pedro e Paulo). É uma visita dos bispos diocesanos aos túmulos dos Apóstolos, na Diocese de Roma, a primeira de todas as Dioceses do mundo e onde está a Sé de Pedro, com quem se encontram na pessoa do Santo Padre.
A iniciativa acontece pela primeira vez desde setembro de 2015 e inclui encontros de trabalho com responsáveis dos organismos centrais de governo da Igreja Católica, os Dicastérios da Santa Sé, e uma audiência conclusiva com o Papa Francisco.
O Bispo participará também na Jornada Mundial das Crianças, que se realiza nos dias 25 e 26 de maio, em Roma, onde acompanhará um grupo da Diocese de Viseu.