Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Um destes dias, encontrei um pensamento atribuído a um autor desconhecido, que dizia, numa tradução grosseira, algo mais ou menos assim: “O mundo precisa de pessoas que queiram ser o ombro amigo nas horas difíceis. Precisa de ouvidos atentos para as palavras ditas e também precisa de carinhos em momentos essenciais. O mundo precisa de pessoas que se importam com as outras de verdade”.

O mundo precisa, digo eu, de pessoas felizes para que possam dar o melhor de si mesmas aos outros.

O mundo precisa de gente grande que não se empoleira em deslumbrados holofotes, mas constrói o próprio mérito na forma como, concretamente, dá e se dá.

O mundo precisa de humanos que queiram, com lealdade e algum altruísmo, o bem de cada outro.

Recolhi há já mais tempo uma citação referenciada a Cecília Sfalsin que dizia assim: “Feliz é aquele que não sabota o caminho alheio; que não deseja o que é do outro; que não deseja ser quem não é; que não usufrui daquilo que não é seu; que não prejudica ninguém só para se dar bem. Vive bem quem vive honestamente e só cresce na vida quem sabe dar valor ao que é e ao que tem”.

Estas parecem-me enormes sabedorias. Conhecer as nossas necessidades e as exigências do nosso tempo faz também enorme sentido.

É fundamental percebermos o que traz ao de cima o melhor de nós, já que existimos num palco de mundanidade, em que a ambição por bens materiais se torna o guia de muitas existências, que padecem de uma absoluta amnésia face à sua/ nossa efemeridade.

Mas será que, na realidade, estamos todos mais egoístas?

Li, entretanto, um artigo de divulgação que falava sobre as pessoas da geração Z e dizia que estes jovens (uns são de facto mais novos, mas outros têm já pouco mais de 30 anos), numa grande percentagem, não atendem o telefone e uma das justificações é porque entendem que, em geral, os telefonemas não combinados trazem más notícias. Por outro lado, preferem mandar mensagens do que telefonar. Eventualmente até mensagens de voz, mas falar ao telefone é que não. E estamos a referir-nos aos que andam sempre agarrados ao telemóvel, mas, assim parece, apenas para aquilo que lhes convém.

Eu não sou suspeita a abordar este tema porque nunca gostei de telefonemas e sou do tempo em que só havia telefones fixos. Parece-me, no entanto, que a justificação que é dada é profundamente egoísta, ou seja: porque pode vir uma má notícia que não se quer receber ou que pode dar trabalho, não se atende o telefone. Onde está a solidariedade? Onde está a noção de que outros podem estar a precisar de mim e, se eu não atender, vão ficar sem suporte e sem apoio? Onde está toda esta natural vocação do ser humano que é dispor-se a prestar ajuda? (…)

Estamos a caminhar por um lugar muito incómodo para o próprio homem e, pior do que tudo, achamo-nos convencidos de que estamos a fazer o percurso certo.

Esta narrativa parece, de facto, uma sombra desesperada, mas, com ela, queria destacar a necessidade de compaixão, empatia e ação concreta para construir um presente e um futuro que nos alente. Realmente, presenciamos desafios como individualismo, indiferença e ganância, que podem gerar desânimo e falta de esperança. No entanto, no meio destes, também encontramos motivos para acreditar num amanhã potencialmente promissor. (…)

Em síntese, o mundo precisa de esperança, compaixão e ação transformadora. Apesar dos desafios que enfrentamos, podemos construir um agora e um a seguir mais justos, sustentáveis, pacíficos e também apaziguadores. Para tanto, temos de trabalhar juntos, mobilizando a coragem que está dentro de cada um. (…)

Margarida Cordo, Psicóloga Clínica

In 7Margens

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