
Este mês de março pede-nos uma especial atenção aos acontecimentos que estamos a viver na Igreja, na nossa Diocese, e no mundo.
Entrámos esta semana na Quaresma, um período do calendário cristão que antecede a Páscoa, considerado um tempo de reflexão, de penitência, de jejum, de oração e conversão. São 40 dias (sem contar os domingos), que começou na Quarta-feira de Cinzas, logo após o Carnaval, e termina com o Tríduo Pascal.
Convido os diocesanos de Viseu a viver a Quaresma como caminho de Esperança, animados pela fé, enriquecidos pela Palavra de Deus, numa maior vivência dos Sacramentos, de modo especial o da Reconciliação e a celebração frutuosa da Eucaristia. Nós, cristãos, não devemos viver sem o Domingo o Dia do Senhor, o Dia da Ressurreição.
Neste mês dedicado a Nossa Senhora e a São José, que nos lembra a missão da família, apraz-me partilhar convosco algo sobre o Dia da Mulher, que se celebra este sábado, 8 de março, memória litúrgica de São João de Deus, patrono dos hospitais e dos enfermeiros (as).
A partir da leitura e estudo da Bíblia, a vocação e a missão da mulher aparece delineada desde as origens começando no Livro do Génesis e outros escritos do Antigo Testamento, passando pelo Evangelho onde Jesus dá um lugar especial e de relevo às mulheres que o acompanham no anúncio do Reino.
São Paulo e o Livro do Apocalipse falam da mulher, da sua vida, da sua dignidade e do lugar que ocupa na família, na sociedade, na Igreja e no mundo.
O livro dos Provérbios relata no último capítulo o “elogio da mulher exemplar”, forte, acolhedora, serviçal e virtuosa, dizendo: “Uma mulher de valor, quem a poderá encontrar? O seu preço é muito superior ao das pérolas. O coração do marido nela confia e jamais lhe falta coisa alguma. Ela proporciona-lhe o bem e nunca o mal em todos os dias da sua vida” (Pr 31, 10-12).
Podemos encontrar muitas referências à mulher na Sagrada Escritura, mas o grande modelo para todas é Maria, Mãe de Jesus. A vida de uma mulher sábia, prudente e virtuosa é comparada a uma “lâmpada que não se apaga durante a noite […]. Muitas mulheres tiveram valor, mas tu excede-las a todas. A graça é enganadora e a beleza é vã: a mulher que teme o Senhor, essa será louvada. Dai-lhe do fruto das suas mãos, e que as suas obras a louvem às portas da cidade” (Pr 31, 29-31).
A vida familiar, profissional, eclesial e social das mulheres hoje ocupa um lugar importante, principalmente quando descobrem na vida de Maria de Nazaré o valor da juventude, da consagração, do namoro, do matrimónio, na da família, como solteiras ou na viuvez.
A dignidade da mulher deve ser respeitada e defendida por todos os membros da sociedade civil e da Igreja. Deve ainda ser promovida a dignidade, a liberdade e a responsabilidade da mulher num ambiente sadio e marcado pela verdade, generosidade, bondade e paz.
Se não cuidarmos da mulher, estamos a hipotecar a família, a educação e a transmissão de valores humanos, morais e espirituais. Contudo, o envolvimento das mulheres na vida profissional e social pode levá-las a momentos de solidão e ansiedade. É preciso lutar contra isso todos os dias.
A exploração das mulheres são hoje um problema transversal na nossa sociedade em vários campos, espaços e áreas da mesma. Hoje o problema da exploração sexual, da exploração no trabalho, o envolvimento em redes de tráfico de droga, prostituição e rapto de menores que são escravizadas. A Igreja tem hoje um papel preponderante na sociedade, acolhendo estas pessoas e libertando-as da escravidão.
Também o papel das mulheres no voluntariado e no apoio à infância, educação e aos que vivem sozinhos, abandonados e em solidão é de extrema importância.
Dou os meus parabéns a todas as mulheres e desejo-lhes as maiores felicidades na celebração do Dia Internacional da mulher.
Este mês é ainda marcado pelas peregrinações arciprestais. O Jubileu, que estamos a viver, convida-nos a fazer “a Peregrinação de Esperança” de cada Arciprestado à Igreja Mãe da Diocese, com sentimento de fé, de caridade, de comunhão e de participação na missão da Igreja.
Imploremos pelos bons frutos das Peregrinações Jubilares dos Arciprestados à Catedral de Viseu. Rezemos pelo fim da guerra em todos os países, que vivem este flagelo, pela falta de diálogo, e de convivência pacífica em liberdade com todos os povos. Possamos nós semear a esperança e transformar o mundo com um imperativo ético e um valor cristão.
Também neste mês em que se celebra o Dia do Pai, representado por São José, que também ele nos fortaleça e traga novas esperanças para a humanidade.
+ António Luciano, Bispo de Viseu