Olhar para a Cruz e contemplar o crucificado com esperança deve ser o grande desejo de cada batizado ao longo da Quaresma a caminho da Páscoa.
A Quaresma é um “tempo favorável” da salvação, que nos ensina a escutar a Palavra de Deus, nos convida a celebrar o Sacramento da Reconciliação, a converter o coração para caminhar com Jesus rumo à Páscoa da Ressurreição, levando com generosidade a nossa cruz de cada dia.
Jesus anunciou aos seus discípulos, por três vezes, a sua paixão e disse-lhes que tinha de subir a Jerusalém para aí sofrer muito, morrer e dar a vida por todos.
A vida espiritual dos cristãos deve estar atenta aos verdadeiros sinais do Espírito Santo, pois só Ele nos conduz por um caminho de arrependimento e de conversão, que nos leva ao coração Deus, rico em misericórdia, e ao encontro com os irmãos.
Caminhar e peregrinar juntos são desafios para os cristãos, base de um bom exercício espiritual que é feito com jejum, oração, penitência e caridade fraterna como preparação para a Páscoa.
A conversão pessoal, interior, eclesial e pastoral é um processo espiritual para viver juntos como “peregrinos de esperança”, como batizados, nas famílias, nas comunidades paroquiais, arciprestais e na Diocese.
O modo como decorreram as “Peregrinações Arciprestais” à Catedral da nossa Diocese, é um sinal visível do caminho sinodal, que estamos a fazer, tentando juntos pôr em prática os ensinamentos das conclusões sinodais na “comunhão, participação e missão”.
O povo de Deus, vindo dos arciprestados de Viseu Urbano, Viseu Rural, Lafões, Beira Alta, Dão e Besteiros, peregrinou até à Catedral no primeiro, segundo e quarto domingos da Quaresma, enchendo de alegria, de festa, de vida e de esperança o Largo do Seminário de Viseu, junto ao monumento da Nossa Senhora da Esperança.
Juntos percorremos as ruas da cidade, onde peregrinámos com tantos sinais eclesiais, com os sacerdotes, consagrados, diáconos, leigos, membros das comissões de festas, representantes dos Conselhos Económicos e Pastorais, catequistas, servidores da Igreja, irmandades, filarmónicas, instituições, movimentos, agentes pastorais, crianças, adolescentes, jovens, famílias, adultos e idosos, que participaram na celebração da Eucaristia Jubilar e de ação de graças na Sé.
Como momento alto da caminhada sinodal foram estas peregrinações jubilares à Catedral, bem preparadas e vividas, que devem marcar a vida de todos aqueles que nelas participaram, tendo em conta a preparação, a realização, a celebração da Eucaristia e o envio marcado pela bênção, a indulgência plenária, a oração e o compromisso festivo e renovador de sermos, todos juntos, pastores, consagrados e leigos “semeadores de Esperança” e anunciadores da “Alegria do Evangelho”.
Agradeço a participação de todos os cristãos nas peregrinações jubilares e peço a Deus que produzam bons frutos de caridade em todos nós.
Aproximamo-nos do final da Quaresma; do tempo da Paixão; da Liturgia do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, na vivência espiritual da Semana Santa; da celebração da Eucaristia Crismal, do Jubileu dos Sacerdotes, na manhã de Quinta-Feira Santa. A celebração do Tríduo Pascal: a Eucaristia da Ceia do Senhor, memorial da Instituição, com o rito do Lava-Pés e o testemunho e vivência da caridade fraterna; a celebração de Sexta-Feira Santa no Mistério da Paixão, Morte de Jesus na Cruz e sepultura, a vivência na fé do Sábado-Santo, dia de silêncio, de oração e de luto; a celebração solene da Vigília Pascal, “mãe de todas as vigílias”, com a bênção do Lume novo, o canto solene do Precónio Pascal, o anúncio de Cristo Ressuscitado, a Liturgia da Palavra, o cântico festivo do Aleluia, a proclamação jubilosa do Evangelho, a Renovação das Promessas Batismais, com a bênção solene da Água, a Liturgia Eucarística, a comunhão e a apresentação da Cruz ornamentada com o desejo de Santas Festas de Páscoa a todos.
No Domingo de Páscoa o anúncio de Cristo Ressuscitado, a festa maior da Igreja e dos cristãos, acontece com a celebração solene da Eucaristia da Páscoa.
Em muitas comunidades realiza-se também a procissão Eucarística com Cristo Ressuscitado, o Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Depois a visita Pascal, com o anúncio da Ressurreição de Cristo, nas casas, nas famílias e nas instituições levando a alegria de Jesus, o Homem Novo, a todos nesta solenidade maior de todo o calendário litúrgico.
Peço a todos os cristãos da Diocese de Viseu, pastores, consagrados e leigos, que preparem verdadeiramente as festas pascais, que se aproximam, e vivam com fé e esperança este caminho que nos conduz à Páscoa da Ressurreição.
Sigamos o caminho de Jesus, levando com alegria a nossa Cruz de cada dia e, chegados ao Calvário, aprendamos com Maria e João a estar de pé junto à Cruz de Jesus com sentimentos de compaixão, fraternidade, solidariedade e fidelidade.
+António Luciano, Bispo de Viseu