
Embora se possa considerar a sinodalidade sobretudo como um modo de ser Igreja, ela tem também algumas práticas que a concretizam e a manifestam.
Importa partir da condição prévia da vivência do amor recíproco, próprio do ser cristão: “Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros” (cf. Jo 13, 34). É esse amor que manifestará a “harmonia do Espírito”, isto é “a unidade de todos os batizados” (cf. DF, 26). Esta unidade não é nunca uma uniformidade, que significaria a incapacidade de nos abrirmos ao diferente de nós. Ela é antes uma “diversidade reconciliada” (cf. Francisco, Esperança, p. 64). E esta diversidade reconciliada e feita comunhão é um manancial de força evangelizadora e testemunhal. Assim diz o próprio Jesus: “Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes…” (cf. Jo 13, 35).
Por vezes, procuramos diagnósticos sobre a pouca força evangelizadora das nossas comunidades e não queremos ver que tudo começa com a nossa débil fé e a fraca caridade. Em vez de nos acolhermos e ajudarmos, preferimos, por vezes, cultivar o ciúme, que mata a sinodalidade e o testemunho e põe em causa a própria missão. Esquecemo-nos facilmente que o outro “faz parte de mim”, sentindo “o irmão na fé na unidade profunda do Corpo místico” (cf. NMI, 43)!
Vejamos algumas das principais atitudes sinodais.
– A escuta do Espírito: Escutar o Espírito significa passar de um pensar apenas humanamente para um “pensar em Deus” (Francisco, 13-06-2024), que leva necessariamente à pergunta sobre o que Deus quer de nós em cada momento.
– A escuta dos irmãos no Espírito: É uma escuta necessária, enriquecedora, pois o “Espírito Santo fala em qualquer um”, mas exige a conversão à humildade. Esta significa sempre um esvaziar-se de si para que o outro seja e todos se fundam num só coração, na lógica da kenose cristológica (cf. Fl 2, 7-8), pois o próprio Cristo se esvaziou a Si mesmo, por amor de nós.
A sinodalidade não é uma utopia, é uma necessidade e baseia-se na possibilidade de “escutar, discernir e decidir juntos” (cf. DF nº 35).
– A conversação no Espírito: Esta é claramente uma expressão marcante de todo o Sínodo. Mas o que significa a “conversação no Espírito”? Logo no relatório final da primeira assembleia (2023), era relevada a “Conversação no Espírito”, que inclui a escuta, o silêncio e a oração, sem julgamento ou uma resposta. Há também um período de reflexão sobre o que foi ouvido e de discernimento coletivo. Na expressão do referido relatório, “conversar ‘no Espírito’ significa viver a experiência da partilha à luz da fé e à procura do querer de Deus, numa atmosfera autenticamente evangélica dentro da qual o Espírito Santo pode fazer ouvir a sua voz inconfundível” (cf. 2, d).
A sinodalidade pede que passemos do nível meramente organizativo ao da comunhão eclesial.