
O Banco Alimentar é uma porta aberta para a solidariedade e fraternidade a favor das camadas mais desfavorecidas da Sociedade.
Portugal experimentou, de lés a lés, durante este passado fim de semana, a recolha de géneros alimentares com a colaboração de milhares de crianças, jovens, escuteiros e adultos, em todos os hipermercados do país.
Graças a este esforço dos voluntários e da generosidade de quem contribuiu, foram recolhidas centenas de toneladas de bens, que depois foram transportados e arrumados nas sedes dos 21 Bancos, que constituem a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares. Esta Instituição é gerida por estatuto próprio de uma IPSS.
Como procura responder a muitas situações de pobreza e emergência social é uma instituição muito querida da sociedade civil, com visibilidade, ajudada por vários grupos de voluntários, de grupos de cristãos, alunos da catequese, escolas e escuteiros, que realizam esta missão com prontidão duas vezes por ano.
É gratificante ver os voluntários numa azáfama constante nos estabelecimentos e nos armazéns de recolha, com a participação de muitas crianças, acompanhadas de pais e professores, que este ano viveram de um modo diferente o Dia Mundial da Criança.
O aumento da pobreza em Portugal leva muitas instituições a recorrer ao Banco Alimentar e, é a partir delas, que chegam a muitas famílias, que são socorridas para minimizar o aumento da pobreza.
O fenómeno da pobreza no mundo e também em Portugal aumentou nos últimos anos por várias razões. O desemprego, as reformas baixas, o aumento do custo de vida e a presença de muitos emigrantes que recomeçam a vida no nosso país, são alguns dos fatores que explicam uma maior procura de ajuda, fazendo destas instituições necessárias e atuais.
É uma bela experiência de educação para a solidariedade e partilha, fazendo das crianças, adolescentes e jovens um rosto de proximidade para os valores do serviço, do voluntariado e da atenção às necessidades do próximo. Uma bela atividade de promoção e formação humana, cívica, ética e cristã.
O valor da partilha e da caridade esteve sempre no cerne da formação cristã. Aprender a olhar para as necessidades do outro a partir do lugar onde nos encontramos e saber caminhar com o outro, em proximidade e oferecendo-lhe o pão de que precisa para matar a sua fome, traduz-se num gesto que não passa despercebido.
Com o aparecimento do primeiro Banco Alimentar contra a fome, em Lisboa, surgiu a novidade de com gestos novos de solidariedade, partilhar os bens de primeira necessidade com os mais pobres e carenciados.
Esta Associação de Solidariedade Social, que adota a denominação de Banco Alimentar Contra a Fome tem como objetivo “dar uma resposta ao problema da fome, pela coleta e distribuição de excedentes e dádivas, de quaisquer produtos alimentares, através de associações ou entidades idóneas” ( Estatutos, artº 3º).
Felicito os responsáveis e todos os voluntários que deram o seu tempo com gestos em prol dos outros. Se todos nós contribuirmos, de alguma forma com o que pudermos, transformamos o mundo num lugar melhor.
É também isso que Jesus nos ensinou e nos pede. Para, no dia-a-dia, darmos um pouco de nós aos outros, que saibamos partilhar o pão e os nossos bens com o irmão necessitado e que nunca sejamos vencidos pela indiferença.
+António Luciano, Bispo de Viseu