A procura de Deus, através de múltiplos meios e contextos, tem sido uma constante profundamente humana ao longo dos tempos. A expressão literária portuguesa, tão vasta e rica, dá testemunho desta fascinante realidade.
Gabriel Magalhães, investigador e autor, veio a Viseu, ao Seminário Maior, proferir uma conferência intitulada “Rostos de Deus na literatura portuguesa dos séculos XIX e XX”; uma iniciativa promovida pela Vigararia da Evangelização, Culto e Cultura da Diocese de Viseu que contou com o apoio da Fundação Jornal da Beira.
Ficou claro, pela fundamentada exposição do conferencista, que os maiores expoentes da literatura portuguesa dos últimos dois séculos, longe de indiferentes à questão de Deus e do sagrado, são reveladores, em termos gerais, de uma “nostalgia carinhosa” centrada na figura de Jesus. A heterodoxia em torno de Jesus Cristo, muitas vezes presente e até assumida, não cancela, antes manifesta, uma busca de espiritualidades mais puras e genuínas e um desejo de reconciliação entre a mensagem evangélica, as pessoas e as instituições. Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, Jaime Cortesão, Vergílio Ferreira, entre muitos outros, foram referidos e citados.
Infelizmente, identifica Gabriel Magalhães, os anos 80 e 90 do século XX, no caso português e a nível global, trouxeram alguma “desmemória” de Deus e uma degradação espiritual e cultural… também identificáveis em termos literários. O caminho para um retorno feliz passará, segundo o conferencista, pela promoção das coisas pequenas, da humildade, da liberdade e do conhecimento.
G.I./J.B.:Padre Luís Miguel