Cerimónias vão reunir católicos e luteranos para «caminho de fraternidade» conjunto.
O Papa pediu hoje orações pela viagem que vai realizar à Suécia entre segunda e terça-feira, para participar em cerimónias ecuménicas que assinalam os 500 anos da “reforma” de Martinho Lutero.
“Vou realizar uma viagem apostólica à Suécia, por ocasião da comemoração da reforma, que vai reunir católicos e luteranos na recordação e na oração. Peço-vos a todos que rezeis para que esta viagem seja uma nova etapa no caminho de fraternidade rumo à plena comunhão”, declarou, perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para a recitação do ângelus.
Na sua tradicional catequese, Francisco convidou todos a superar os “preconceitos” e a ver as pessoas com “os olhos de Deus, que não para no mal passado, mas vislumbra o bem futuro”.
Já esta sexta-feira, numa entrevista divulgada por duas revistas ligadas aos Jesuítas, ‘La Civiltà Cattolica’ (Itália) e ‘Singum’ (Suécia), o pontífice argentino aludiu à separação entre Igrejas, promovida após o “gesto de reforma” de Martinho Lutero, no século XVI.
“Não se pode ser católicos e sectários. É preciso tender para estarmos juntos com os outros”, declarou.
O Papa vai passar por Lund e Malmo, entre 31 de outubro e 1 de novembro, para encontros com representantes da Federação Luterana Mundial.
Francisco afirma que Martinho Lutero quis, inicialmente, promover “um gesto de reforma num momento “difícil” para a Igreja.
“Depois, este gesto – também por causa de situações políticas, pensemos também no ‘cuius regio eius religio’ — tornou-se um ‘estado’ de separação e não um ‘processo’ de reforma de toda a Igreja”, explica.
A Santa Sé apresentou esta semana a viagem do Papa à Suécia como um evento “inédito” por juntar católicos e luteranos nos 500 anos da reforma de Lutero.
O porta-voz do Vaticano, Greg Burke, disse em conferência de imprensa que o objetivo da visita de Francisco a Malmo e Lund é sublinhar o percurso de católicos e luteranos no diálogo ecuménico, em particular nos últimos 50 anos.
O Papa foi convidado pela Igreja Católica na Suécia, pelo governo local e pela Federação Luterana Mundial, numa viagem que tem como tema ‘Do conflito à comunhão: unidos na esperança’.
Francisco vai chegar a Malmo pelas 11h00 (menos uma em Lisboa) de segunda-feira, sendo recebido pelo primeiro-ministro sueco antes da visita à família real, no palácio de Lund.
O programa do primeiro dia na Suécia completa-se com uma oração na Catedral Luterana de Lund e um encontro ecuménico na Arena Malmo, perante 30 delegações luteranas.
Francisco vai ser acompanhado neste encontro pelo cardeal Kurt Kock, presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos (Santa Sé), pelo presidente da Federação Luterana Mundial, Munib A. Younan, e o secretário-geral deste organismo, Martin Junge.
A viagem conclui-se a 1 de novembro, dia em que a Igreja Católica celebra a solenidade de Todos os Santos, com a Missa presidida pelo Papa no Swedbank Stadion, em Malmo.
O principal documento dos 50 anos de diálogo teológico católico-luterano é a declaração conjunta sobre a Doutrina da Justificação (31 de outubro de 1999).
Em 2013, a Comissão Internacional de Diálogo Católica-Luterana pela Unidade publicou um documento intitulado ‘Do conflito à Comunhão – Para uma comemoração comum da Reforma em 2017’.
A 23 de setembro de 2011, Bento XVI visitou o antigo convento dos Agostinhos em Erfurt, Alemanha, onde viveu Martinho Lutero (1483-1546), antes de promover a separação de Roma.
G.I./Ecclesia:OC