Uma comunidade ativa, ao serviço de quem precisa. A Diocese de Viseu tem, nas instalações do Centro Sócio-Pastoral Diocesano, quatro irmãs carmelitas missionárias teresianas, consagradas a Deus e ao próximo e muito ativas na forma como desenvolvem a sua ação diária, seguindo as ideias do fundador da congregação: o religioso carmelita descalço Francisco Palau (1811-72), beatificado por São João Paulo II, em 1988.
No âmbito da semana dos consagrados, que terminou no passado dia 2 de fevereiro, o Jornal da Beira falou com: a irmã Adélia (Saragoça, Espanha), a irmã Albana (Amarante), a irmã Elvira (Marco de Canaveses) e a irmã Rosa (Bilbau, Espanha). De uma forma sintética, deixamos alguns traços gerais do que é ser consagrado e da ação que esta comunidade desenvolve na Diocese, sobretudo em termos de evangelização, formação religiosa e espiritual, catequização, apoio às paróquias, ou visita e acompanhamento personalizado dos mais idosos.
O que é ser hoje, no século XXI, ser consagrado a Deus?
Irmã Adélia – Somos sobretudo discípulas seguidoras de Jesus, missionárias e anunciadoras do Reino da Boa Nova, dentro de um estilo concreto, que está demarcado pela nossa congregação [Carmelitas Teresianas] e sobretudo pelo carisma do nosso Padre fundador Francisco Palau. Nós somos um bocadinho o ramo missionário dentro desta grande família carmelitana de que fazemos parte.
Os grandes desafios que temos são o drama da pobreza, dos refugiados, de tantas necessidades que conhecemos no mundo e na nossa Igreja. O nosso compromisso é abertura e disponibilidade total para ajudar as pessoas a descobrir a beleza de sermos filhos de Deus. Estamos no Ano Missionário e somos convidados a redescobrir essa missão, que, por sermos batizados, todos temos.
Irmã Albana – Ser consagrada é um desafio muito grande e diário. Estamos aqui com esse sentido de sermos Igreja e estarmos a fazer as coisas não por nós nem para nós, mas fazê-las com essa missão, entrega e disponibilidade. Há uma frase muito bonita do Padre Francisco Palau que me marcou sempre muito que é: ‘irei onde a glória de Deus me chama’. Isto é, como consagrada, eu estarei onde for necessária. Onde estão os pobres, onde estão os que mais necessitam da nossa presença e do nosso olhar, do nosso sorriso e do nosso tempo. Ser consagrado hoje é darmo-nos com essa disponibilidade por inteiro, onde estamos e na missão onde estamos.
Irmã Elvira – A vida consagrada tem hoje o mesmo significado que teve sempre. É um meio para poder chegar ao muito que há para fazer, sendo poucos os que estão disponíveis para trabalhar. É uma entrega, um mandato do Espírito a estar presente. Somos ungidas no Senhor para podermos levar a Boa Nova a todos os homens e completar este corpo místico que é a Igreja.
Irmã Rosa – Para mim, a consagração é viver para a glória de Deus e para a salvação dos homens. Eu, tudo o que faço, é para viver para eles, mesmo caindo, mas logo me levantando a seguir, para dar glória a Deus e para a salvação da humanidade.
Que trabalho realizam na comunidade?
Irmã Adélia – Nós chegámos à Diocese de Viseu em 2007. Desde a chegada do primeiro grupo, temos feito sobretudo um trabalho de inserção em colaboração com os sacerdotes nas paróquias, na assistência à catequese e o acompanhamento da comunidade e dos doentes, com a intenção de fazermos um trabalho de equipa pastoral. Vamos procurar onde podemos ser necessárias. Por isso, todos os anos temos tido uma mudança grande dentro do apostolado, num apoio ao departamento de educação cristã, na pastoral juvenil e universitária, na penitenciária, na Igreja do Carmo.
Agora estamos numa nova etapa, precisamente reestruturando a comunidade e a missão, sendo que a missão é sempre a mesma.
Quando falamos de consagrados falamos de comunidade. Não fazemos um trabalho individual, é de toda a comunidade. Neste momento trabalho com a comunidade de Santa Teresinha, com aquelas meninas que estão em situações mais difíceis. Também colaboro aqui no Centro Pastoral Diocesano, no apoio aos idosos. Tentamos criar aqui um ambiente familiar, entre nós, os utentes, os colaboradores. Isto é, ser uma família extensa.
Irmã Albana – Eu estou a trabalhar na área espiritual, ajudando e visitando os idosos. A par disso, também acompanho as atividades de animação sócio culturais. Todas as tardes temos estas atividades com eles, num acompanhamento personalizado, o dar atenção aos idosos. Queremos transmitir-lhes que o nosso tempo é para eles. Se em qualquer momento algum deles precisa de falar não deve sentir da nossa parte que estamos com pressa. Temos um leque variado de atividades de lazer e de partilha entre eles, proporcionando também algumas saídas. Uma das coisas importantes que realizamos aqui é o trabalho com as famílias. Damos o nosso tempo às pessoas que estão aqui mas também às suas famílias, num trabalho de acompanhamento. Há dias mais complicados que outros; custa às famílias ver que estão aqui alguns dos seus membros. Há casos aqui em que está cá o marido e a esposa não. Portanto, temos que ir acompanhando as famílias nesse sentido, dando-lhes atenção. Uma vez que estamos num Centro Diocesano fazemos bastantes encontros de oração com os idosos. Inclusivamente, neste Ano Missionário que está em curso, vamos fazer mensalmente uma oração pelas vocações. Temos aqui pessoas muito ligadas à Igreja e com muito compromisso, mesmo com as suas limitações que atualmente têm.
Irmã Elvira – Regressei há dois meses de Itália (Toscana) e agora a minha responsabilidade de momento é o acompanhamento espiritual no Centro Pastoral Diocesano aos idosos. Estou a acompanhá-los e a atender às suas necessidades.
Irmã Rosa – Eu trabalho aqui no Centro Pastoral Diocesano, rezo o terço, visito os doentes, falo com eles, dou-lhes um carinho. Também vou ao Lar da Viscondessa de São Caetano estar com os idosos.
G.I./Ecclesia:PBA