Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

Observatório Pastoral

 

No Plano Pastoral da Diocese de Viseu para o presente ano o Ícone de «Emaús» fornece as linhas de referência para uma “Igreja em saída”, em peregrinação. Neste dinamismo, uma das propostas apresentadas focaliza-se nos santuários: “Promover e dar visibilidade à dimensão simbólica e espiritual dos principais santuários, museus e bens culturais diocesanos, enquanto espaços de cultura, encontro com o sagrado e silêncio orante”. Uma orientação que está em conformidade com a relevância que o Papa Francisco outorga a estes locais na Carta Apostólica Sanctuarium In Ecclesia: “os Santuários estão chamados a desempenhar um papel na nova evangelização da sociedade de hoje e que a Igreja está chamada a valorizar pastoralmente as moções do coração que se exprimem através das peregrinações aos Santuários e aos lugares de devoção”.

Antes da pandemia era muito expressivo o crescimento das peregrinações e do turismo religioso e/ou cultural aos santuários e a locais onde a presença do religioso constitui a marca de identidade. Esta mobilidade incorpora motivações e sentimentos diversos, como a proximidade de Deus, o reforço da esperança e da segurança, mas também a simples procura de algo que falta, o encontrar de um sentido novo para a vida, a necessidade de fazer uma caminhada individual de reflexão, de silêncio e/ou o interesse por um local com relevância artística e cultural. Ainda que de forma consciente possa estar ausente qualquer motivação religiosa e o interesse cultural constitua o motivador da deslocação, a experiência de conhecer locais únicos, de poder fruir de sítios necessariamente distintos, alguns únicos, a alegria de contemplar as maravilhas da natureza de alguns locais e o presenciar de práticas religiosas, podem ser aproveitados para que esta experiência passageira se converta numa vivência significante e consequente.

 

A simples visita, realizada como se Deus não existisse, focalizada naquilo que é fruto da ação do homem, a construção do santuário e as obras de arte que incorpora, a indicação de uma sucessão de datas históricas, etc., esvazia esta experiência do essencial, é redutora naquilo que é a compreensão da verdade daquele local, que é fruto de um Deus Criador.

O assegurar da acessibilidade dos peregrinos e turistas aos espaços religiosos exige da Igreja uma atuação mais assertiva e proativa, assumindo-os como espaços de anúncio em permanência, não só para os peregrinos e turistas, mas também para as comunidades locais, também elas precisam de novas experiências evangelizadoras, que despertem ou reforcem a compreensão da fé, acreditem na presença da força de Deus como sustentáculo da existência de cada um, num vínculo umbilical que não se corta.

Neste âmbito, emerge valorizar o acolhimento de quem “vem à nossa casa”, um acolhimento que seja afectuoso e alegre, que coloque cada um a caminho com quem nos visita, num diálogo de esclarecimento e não de confronto, na explicação através da Palavra, assumindo-se sem receios que os espaços de culto da Igreja são locais de evangelização. Só assim o visitante pode compreender que uma igreja, uma ermida, um cruzeiro ou uma simples alminha, não são apenas mais uma construção, a sua existência é sustentada na fé de uma comunidade viva, que os construiu e preservou.

Devemos protagonizar com os peregrinos e turistas uma caminhada de diálogo entre a cultura e a fé que, para além do enriquecimento cultural, pode ser transformadora, predispondo-os para se questionarem, se deixarem interpelar, se abrirem à possibilidade de um encontro com o Evangelho.

 

Bens Culturais da Diocese de Viseu
CategoryDiocese, Pastoral

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