Observatório Pastoral
No próximo domingo, dia 25 de abril, a Igreja celebra o domingo do Bom Pastor, momento oportuno para rezarmos ao Eterno e Bom Pastor, pelo aumento das vocações sacerdotais na nossa diocese de Viseu e em todo o mundo. Assim diz o Senhor, “dar-vos-ei pastores segundo o meu coração” (Jeremias 3, 15).
De facto, hoje, não nos podemos orgulhar de enviar sacerdotes para a missão além-fronteiras, como fizemos no passado. Atualmente, são os nossos irmãos leigos que partem em missão, desejosos de dar um bom testemunho do Evangelho e colaborar pastoralmente nas muitas dioceses em África, Ásia ou mesmo na América Latina. Por outro lado, em muitas dioceses de Portugal, como é o caso de Viseu, estamos a receber sacerdotes Africanos ou da América do Sul…, visando colaborar na ação pastoral e suprir as necessidades de sacerdotes.
A vocação sacerdotal é um dom e um bem precioso para toda a Igreja. Mas, diante da diminuição das vocações sacerdotais, convém fazermos uma paragem e refletir. Afinal, a que se deve a diminuição das vocações sacerdotais nas nossas dioceses? Se é verdade que esta é uma realidade com múltiplos fatores, valerá a pena perguntarmo-nos: Nas nossas paróquias, que temos feito para inverter esta realidade? Qual o contributo das nossas famílias no sentido de colaborar para aumentar as vocações sacerdotais na nossa diocese?
É verdade que enquanto o nosso jardim não floresce em vocações há, contudo, em Portugal, ordens religiosas – como é o caso da Companhia de jesus – onde as vocações sacerdotais proliferam, à semelhança de um jardim florido. Muitas vezes insistimos em afirmar que a diminuição das vocações sacerdotais diz respeito à redução da natalidade e suas causas, esquecendo-nos que essa justificação cai por terra, quando outros jardins continuam a florir e a oferecer à Igreja preciosas vocações sacerdotais.
O domingo do Bom Pastor é o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. E diante das necessidades de sacerdotes na nossa diocese, recordo-vos que “o Senhor continua ainda a chamar para viver com Ele e segui-Lo numa particular relação de proximidade ao seu serviço direto. E, se Ele nos chama a consagrar-nos totalmente ao seu Reino, não devemos ter medo.” (Mensagem do Papa Francisco para o 55º Dia Mundial de Oração pelas Vocações).
No início do meu sacerdócio, fiz uma breve experiência na pastoral vocacional. Durante esse período ouvi de jovens vocacionados ao sacerdócio diversos relatos a respeito do bom testemunho dado pelos seus pastores e do compromisso das suas comunidades paroquiais para com as vocações sacerdotais. Muitos afirmavam que foi o testemunho do pároco, na capacidade de acolhimento, na abordagem a respeito da vocação sacerdotal, no acompanhamento para o discernimento, na confiança em distribuir funções, na vida de oração e, sobretudo, na vivência comunitária pautada pela oração pelas vocações que foi a pedra de toque para o despertar vocacional. Diante destes testemunhos, concluo que a junção de todos estes elementos dá vigor à vida vocacional de jovens que olham para seus pastores e para a comunidade paroquial e encontram neles um referencial a seguir.
De facto, a comunidade paroquial que reza pelo aumento das vocações sacerdotais recebe seus frutos, tendo em vista que “ovelhas encontram pastagem, pois todo aquele que o segue na simplicidade de coração é nutrido por pastagens sempre verdes. Quais são, afinal, as pastagens dessas ovelhas, senão as profundas alegrias de um paraíso sempre verdejante? Sim, o alimento dos eleitos é o rosto de Deus, sempre presente. Ao contemplá-lo sem cessar, a alma sacia-se eternamente com o alimento da vida” (Homilia 14 – São Gregório Magno).