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Observatório Pastoral

 

Na Exortação Apostólica Christus vivit (Cristo vive), o Papa Francisco deixa bem explícita a imagem e o rosto que deseja e sonha para a Igreja à qual preside: «Peçamos ao Senhor que liberte a Igreja daqueles que querem envelhecê-la, ancorá-la ao passado, travá-la, torná-la imóvel. Peçamos também que a livre de outra tentação: acreditar […] que se renova porque esconde a sua mensagem e mimetiza-se com os outros. Não! É jovem quando é ela mesma, quando recebe a força sempre nova da Palavra de Deus, da Eucaristia, da presença de Cristo e da força do seu Espírito em cada dia. É jovem quando consegue voltar continuamente à sua fonte».

Nestas palavras encontramos os argumentos para a identidade e especificidade de uma Igreja que tem necessidade de se renovar, bem como, para a especial atenção que Francisco no seu pontificado tem dedicado à família, aos jovens e à vocação; âmbitos da pastoral que são transversais, se interlaçam e implicam mutuamente. De facto, um dos muitos esforços a que o Papa se tem proposto é o de avançar na “linha de ultrapassagem” do modelo pastoral da cristandade. Trata-se de um modelo ultrapassado, inadequado para a cultura atual onde «prevalece a tendência de fornecer respostas pré-fabricadas e receitas prontas sem deixar assomar as perguntas juvenis na sua novidade e captar a sua interpelação». Portanto, um modelo que já não atrai nem os cristãos pessoalmente, nem as comunidades no seu conjunto. E porque, «evangelizar é tornar o Reino de Deus presente no mundo» (EG 176), exige-se no contexto da nova evangelização uma nova modalidade e perspetiva, ousada e corajosa, na forma de dialogar com a cultura e com o mundo.

A direção que o Papa aponta é a da saída missionária, que por si só, é o «paradigma de toda a obra da Igreja» (EG 15). Esta compromete todos os batizados (pastores e leigos) que não podem ficar tranquilos e em espera passiva, nos templos, nas sacristias, nos cartórios e secretarias. Simultaneamente concretiza-se, por um lado, criando processos inovadores a partir do abandono de modelos do passado que já «não prestam o mesmo serviço à transmissão do Evangelho» (EG 43); por outro, a partir da adoção de um novo método e modo de evangelizar apoiado no discernimento, e em “chave missionária” que se substância na passagem de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária.

Esta nova forma de agir pastoral deve conter em si, a ousadia, o entusiasmo, o impulso evangelizador, um novo espírito, isto é, aquilo que o Papa designa por “parresia”. À vista disso, a tarefa pastoral de qualquer comunidade ou paróquia, animada pelo acento missionário, transfigura-se a partir da prioridade do abrir as portas e “sair” de si, procurando os mais afastados, isto é, as periferias. Somos todos convidados, enquanto sujeitos da pastoral, a «sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho» (EG 15), acolhendo e deixando-se acolher; evangelizando e deixando-se evangelizar. Esta saída da Igreja face às periferias terá de assumir como modelo, o estilo que marcou a vida de Jesus até à Sua morte na cruz.

 

Pe. João Zuzarte
CategoryDiocese, Pastoral

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