Open/Close Menu A Diocese de Viseu é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica em Portugal

A família de Jesus, Maria e José é modelo de vida e de virtudes para todas as famílias do mundo.

A família é a célula base da sociedade, tornando-se uma pequena “Igreja doméstica”, onde se aprende a escutar a Deus, a amar, a evangelizar, a rezar, a cuidar e a servir os irmãos à luz dos ensinamentos de Jesus e do exemplo de Maria e de São José.

A família cristã é uma verdadeira comunidade de vida e de amor, abençoada por Deus no Sacramento do Matrimónio. Os esposos chamados por Deus a constituir-se testemunhas do amor entre um homem e uma mulher, que procuram vivem de modo estável a sua vida, numa entrega recíproca na unidade e na indissolubilidade.

A festa da Sagrada Família aparece-nos como uma referência na caminhada da fé em Igreja, onde todas as famílias cristãs devem fazer crescer o amor entre os casais, os jovens, os adultos e os idosos.

Vislumbro a vida dos jovens em caminhada de namoro, tempo de conhecimento recíproco, que deve ser feito com verdade, amor, coerência, transparência, conhecimento mútuo, acolhimento e espírito de respeito, abnegação e entrega. É preciso valorizar o tempo de namoro e fazer deste uma verdadeira escola de valores, de crescimento, de partilha e de aceitação do outro com as suas capacidades e diferenças.

Nunca ninguém devia celebrar o Sacramento do Matrimónio, sem uma caminhada séria de namoro e de estudo aprofundado a nível da antropologia, da experiência humana, da vivência da fé, da teologia da vida espiritual e do matrimónio, assim como do estudo das ciências sociais e humanas. O Sacramento do Matrimónio preparado como o CPM é uma vocação para ser vivida na família, procurando o maior bem da Igreja e da sociedade.

Para uma pastoral sólida da família são necessários pastores zelosos, agentes de pastoral especializados para dinamizar e trabalhar com as famílias cristãs através de equipas familiares, de movimentos de leigos, estruturas organizadas nas paróquias, nos arciprestados e na Diocese, que ajudem as famílias a viver o casamento como ideal de vida e de amor.

O apostolado familiar é importante para a vida da Igreja e renovação e santificação das famílias. É preciso olhar para o exemplo da  Beata Rita Amada de Jesus, que na sua juventude, guiada pela luz de Deus, aqui na sua paróquia de Ribafeita e em aldeias vizinhas dedicou-se a ensinar as crianças, os jovens, os adultos e as famílias a amar a Jesus, a rezar o rosário, a ensinar a catequese e a fazer o bem a muitas jovens e adultos libertando-os de caminhos de miséria e de pecado.

Pela sua atenção às dificuldades das famílias procurou evangelizá-las, catequizá-las, formá-las, ajudando-as nas suas dificuldades  a fazer o caminho da reconciliação e conversão. Este serviço pastoral continua a ser ainda hoje uma preocupação da Igreja, que espera com ajuda e a graça do Espírito Santo promover e defender os valores da família perante as várias ameaças do nosso tempo.  A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo está bem patente nas leituras deste domingo.

A primeira leitura de Ben-Sirá, filho de Sirá no livro escrito no século II a. C.  mostra-nos os valores da família, afirmando que aquele que teme a Deus honra os seus pais e defende o seu povo como herança inestimável. O autor sagrado pretende mostrar-nos a importância e a sabedoria do quarto mandamento, que nos manda: “Honrar pai e mãe e os outros legítimos superiores”. Mostra-nos assim, como o amor aos nossos pais se converterá em desconto e perdão dos nossos pecados.

O Salmo 127 “faz o elogio da família”, chamando ditosos os que seguem os caminhos do Senhor.  A felicidade do homem está no Senhor. “Feliz de ti, que temes o Senhor e andas nos seus caminhos” (Sl 127,1). Aquele que ama o Senhor, atrai para si, os seus irmãos e família as bênçãos e graças de Deus, que são harmonia para todos os que fazem parte dessa família, como uma bênção de Deus numa vida longa, na fecundidade da esposa, na alegria dos filhos e no dom do trabalho.

São Paulo na Carta aos Colossenses apresenta alguns princípios importantes para os cristãos e a família viver segundo o Evangelho. Revestidos de Cristo pelo Batismo, os cristãos entram na família de Deus para fazer parte do Corpo de Cristo, como Igreja constituída pelos “eleitos de Deus, santos e prediletos.  Como batizados revesti-vos de sentimentos de “misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência” sublinhando de seguida, que é preciso “acima de tudo revestir-nos da caridade, que é o vínculo da perfeição”.

O texto do Evangelho revela-nos a Família de Nazaré a dar cumprimento  às prescrições da lei do Senhor.  Os pais de Jesus vieram oferecer o Menino ao Senhor e ofereceram em sacrifício um par de rolas e duas pombinhas. Uma oferta familiar pobre e humilde, mas honesta e cumpridora da vontade de Deus.  O episódio é muito simples, de um lado está Maria, José e o Menino. Do outro lado Simeão e Ana, que vieram ao Templo conduzidos pelo Espírito Santo para louvar o Senhor.

Simeão recebeu o Menino nos seus braços e bendisse a Deus, exclamando: “Agora Senhor, segundo a vossa Palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a salvação, luz para se revelar às nações e glória de Israel vosso povo” (Lc 2, 29-32). O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o que d`Ele se dizia.

Simeão abençoou-os e disse a Maria sua Mãe: “Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações” (Lc 2, 35). A profetiza Ana, mulher de idade avançada louva e bendiza a Deus sem cessar e não se cansava de falar acerca do Menino”.

Quando encontramos Jesus na nossa vida e nos deixamos iluminar por Ele, como aconteceu com a Beata Rita, também nós falamos de Jesus aos outros convidando-os a acolher nas suas vidas o Evangelho.

Seguindo os exemplos da Sagrada Família de Jesus, Maria e José, façamos hoje aqui na Igreja Paroquial de Ribafeita, onde a Beata Rita foi batizada, adorou Jesus na Santíssima Eucaristia, catequizou e rezou pela santificação das famílias, o propósito de crescer na santidade ajudados pelo Menino, que “crescia, tornava-Se robusto, enchendo-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele” (Lc 2, 40).

Procuremos imitar as virtudes da Sagrada Família de Nazaré, tornando-nos mais cristãos, ajudando as famílias a serem fiéis aos mandamentos do Senhor e a  respeitar a vida humana desde o momento da conceção até à morte natural. Perguntarmos a Deus o que é que devemos fazer para nos tornarmos melhores e vivermos a nossa vida familiar a imitar as virtudes de Jesus, Maria e José no seguimento do carisma, vocação e missão que a Beata Rita nos deixou.

Como cristãos somos chamados a valorizar a família na sua dimensão humana, cristã e social de modo a tornar-se uma referência moral no respeito pela vida, na educação dos filhos, na transmissão dos verdadeiros valores e na missão de comunicar a fé às novas gerações. “Família que reza unida, permanece unida”.

São Paulo VI na sua alocução em Nazaré a 5 de janeiro de 1964 afirmava: “Nazaré é a escola em que se começa a compreender a vida de Jesus, é a escola em que se inicia o conhecimento do Evangelho. Aqui se aprende a observar, a escutar, a meditar e a penetrar o significado tão profundo e misterioso desta manifestação do Filho de Deus, tão simples, tão humilde e tão bela” (São Paulo VI, em Nazaré).

Deste ensinamento podemos tirar três lições:

A primeira lição é do silêncio. “Oh se renascesse em nós o amor ao silêncio, esse admirável e indispensável hábito do espírito, tão necessário para nós, que nos vemos assaltados por tanto ruído, na agitada e tumultuosa vida do nosso tempo!” (São Paulo VI em Nazaré). O silêncio de Nazaré ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. A escola de Nazaré ensina-nos o valor da formação, do estudo, da meditação e da oração interior.

A segunda é uma lição de vida familiar. “Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu carácter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré como é preciosa e insubstituível a educação familiar e como é fundamental e incomparável a sua função no plano social” (São Paulo VI, em Nazaré).

A terceira é uma lição de trabalho. “Nazaré a casa do Filho do carpinteiro! Aqui desejaríamos compreender e celebrar a lei, severa mas redentora do trabalho humano, restabelecer a consciência da sua dignidade, de modo que todos a sentissem; recordar aqui, sob este teto, que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que a sua liberdade e dignidade se fundamentam não só em motivos económicos, mas também naquelas realidades que o orientam para um fim mais nobre” (São Paulo VI, em Nazaré).

Interpelo as famílias da nossa Diocese a olhar para a Sagrada Família de Nazaré como verdadeiro ícone onde devemos ir beber a água fresca da fonte, que mata a sede de infinito e dá razões profundas para viver a esperança e a confiança num mundo melhor onde a paz seja um dom para as famílias e nações.

Rezemos de modo especial pelas famílias em crise, em dificuldade, tocadas pela doença, fragilizadas e separadas pela rotura do vínculo do amor. Rezemos pelos casais, pelos esposos, pelos pais, namorados, filhos, netos e avós para que encontrem na Sagrada Família de Nazaré o compromisso na construção da paz. Imitemos as virtudes de Jesus Maria e José, à semelhança da Beata Rita Amada de Jesus, que se revelou como Apostola apaixonada da Família através da oração, da evangelização, do serviço, do exemplo e do testemunho de vida para com todos.

Com Jesus, Maria e José, ajudai-nos a ser dóceis à ação do Espírito Santo.

A renovar a vocação e a missão da família na Igreja e no mundo.

A louvar e glorificar a Santíssima Trindade com o nosso apostolado.

Penetrar no mistério de comunhão e de vida através da oração familiar.

Sermos servidores e cuidadores das famílias em crise e em dificuldades.

Por intercessão da Sagrada Família de Nazaré e da Beata Rita Amada de Jesus, imploremos do Amor Divino, a fortaleza, a confiança, a esperança, a temperança, o equilíbrio e a estabilidade espiritual e emocional para vivermos uma relação sadia e duradoura com todas as famílias. Ámen!

† António Luciano, Bispo de Viseu

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