Nesta noite de Sexta-feira Santa, 18 de abril, os fiéis reuniram-se na Catedral de Viseu para solenemente participarem no Enterro do Senhor, que contou com a presença do Bispo da Diocese de Viseu, D. António Luciano.
Apesar da procissão inicialmente prevista da Igreja dos Terceiros até à Catedral não se ter realizado, devido ao mau tempo, o momento solene aconteceu na presença de dezenas de fiéis, que assistiram ao ato simbólico, com fé e devoção, solenizado pelo Grupo Lopes Morago.
“A esperança em Cristo morto e ressuscitado não engana” foi o tema do Sermão da Soledade, proferido pelo Deão do Cabido da Sé, Cónego Manuel Matos, que convidou todos os presentes a refletirem sobre este acontecimento à luz da Bula de proclamação do Jubileu do ano de 2025, publicada pelo Papa Francisco: “A esperança não engana”.
“Pode parecer contraditório que falemos de esperança quando contemplamos alguém que, pelas suas atitudes e vida, foi condenado à morte e à morte mais infame de então: a crucificação. A esperança não é algo do passado, mas abre-nos portas para o futuro. Também a morte de Jesus não se entende sem a Páscoa da Ressurreição. É o futuro que nos espera e para o qual cada um de nós é chamado. Levantemo-nos e olhemos em frente”, disse.
Mencionando os sinais da esperança, o Cónego Manuel Matos convidou o povo de Deus a refletir sobre: a necessidade de alcançar a paz no mundo; uma visão positiva da vida que leve a um entusiasmo grande pela sua transmissão; gestos de clemência e de libertação para com os presos; gratidão e carinho colocado na missão dos cuidadores e dos doentes; reconhecimento aos jovens “pois o mundo precisa do seu entusiasmo, do seu dinamismo e do seu sonho de construir um mundo mais humano e feliz”; e, por último, a necessidade de acolher os migrantes e não esquecer os idosos e os pobres.
Referindo-se a “Maria, a Mãe de Deus, a mulher da esperança, que não abandona o seu filho”, o Deão do Cabido apelou a que todos procurem “ser sinal de esperança” e que, cada um ajude, a “construir esperança para todos.”
O Bispo de Viseu encerrou o momento com palavras de agradecimento a todos os presentes, que contribuíram para que este momento fosse “mais orante e contemplativo”.
A Procissão do Enterro do Senhor é organizada, anualmente, há vários anos pela Ordem Franciscana Secular de Viseu. O Reitor da Igreja dos Terceiros, Frei Francesco Ervas, explicou que esta é uma procissão que está bem enraizada em Portugal, onde existiam conventos da Ordem Terceira Franciscana. “É uma forma de representar a Paixão de Jesus no fim da sua vida, retratando Aquele que se dá e entrega por nós. Está ligada a São Francisco de Assis, que se inspirava muito no crucifixo de São Damião”.
Amanhã, às 10h00, há o Ofício da Leitura e Laudes e, às 21h30, realiza-se a Vigília Pascal. No domingo de Páscoa, celebra-se a Eucaristia da Ressurreição, pelas 11h00.
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